CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Lei Nº 13.105, de 16 de Março de 2015.
Artigo 217
Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

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Resumo Jurídico

O Direito de Intervir em Processo Alheio: O Papel do Amicus Curiae

O Código de Processo Civil (CPC) prevê, em seu artigo 217, uma figura jurídica de grande importância para a qualidade da decisão judicial e para a democratização do acesso à justiça: o amicus curiae. Em tradução literal do latim, significa "amigo da corte".

Quem é o Amicus Curiae?

O amicus curiae é uma pessoa, física ou jurídica, que, embora não seja parte em um processo judicial (ou seja, não seja nem autor, nem réu), demonstra ter interesse qualificado na questão em discussão. Esse interesse não se resume a uma mera curiosidade, mas sim a um conhecimento técnico, científico, jurídico ou a uma posição relevante sobre o tema que está sendo julgado.

Qual o Objetivo da sua Participação?

A finalidade primordial da participação do amicus curiae é enriquecer o debate jurídico. Ao trazer informações adicionais, opiniões fundamentadas e perspectivas diversas, ele auxilia o juiz ou o tribunal a compreender melhor as nuances do caso, os possíveis impactos da decisão e a buscar a solução mais justa e adequada.

Como Funciona a sua Intervenção?

A intervenção do amicus curiae não é automática. Ele precisa ser admitido no processo. Essa admissão é feita pelo relator (no caso de tribunais) ou pelo juiz (em primeiro grau), desde que fique demonstrado o seu interesse qualificado. A lei não estabelece um rol exaustivo de quem pode ser amicus curiae, mas o foco recai sobre entidades e indivíduos com notória especialização ou representatividade na matéria.

Quais os Direitos e Deveres do Amicus Curiae?

Uma vez admitido, o amicus curiae adquire alguns direitos e deveres:

  • Direito de manifestação: Ele pode apresentar pareceres, notas técnicas ou memoriais sobre o caso. Essas manifestações visam oferecer subsídios para a decisão.
  • Direito de acesso aos autos: O amicus curiae tem o direito de consultar os documentos do processo.
  • Não é parte: É crucial entender que o amicus curiae não se torna parte do processo. Ele não tem os mesmos direitos e deveres de um autor ou réu, como o direito de recorrer em nome próprio ou de produzir provas de forma ampla. Sua atuação é voltada à contribuição para o debate.

Em que Tipo de Processos é Mais Comum?

A figura do amicus curiae é especialmente relevante em casos que envolvem questões de alta complexidade, impacto social significativo ou que afetam um grande número de pessoas. Exemplos comuns incluem:

  • Processos no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre temas constitucionais ou de grande relevância jurídica.
  • Ações civis públicas que buscam a defesa de direitos difusos ou coletivos.
  • Julgamentos que tratam de novas tecnologias ou questões ambientais com amplas repercussões.

Em suma, o amicus curiae desempenha um papel de "conselheiro" para o Judiciário, atuando como um elo entre a sociedade, especialistas e o processo judicial, visando a uma prestação jurisdicional mais informada e completa.