Resumo Jurídico
Cláusulas Abusivas: O Que Diz a Lei Sobre Elas
O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 51, lista e proíbe diversas cláusulas que são consideradas abusivas em contratos com consumidores. Essencialmente, essas cláusulas são aquelas que colocam o consumidor em desvantagem exagerada, violando os princípios da boa-fé e da equidade.
O objetivo principal dessas proibições é garantir um equilíbrio nas relações de consumo, protegendo o cidadão contra práticas comerciais desleais e que possam gerar prejuízos indevidos.
O que o artigo 51 considera abusivo?
A lei exemplifica uma série de situações em que a abusividade é presumida. Entre as mais importantes, destacam-se:
- Restrições excessivas à liberdade de escolha: Cláusulas que impedem o consumidor de cancelar o contrato, que o obrigam a contratar serviços adicionais desnecessários, ou que o vinculam a um fornecedor específico sem justificativa plausível.
- Exclusão ou limitação de direitos: Aquelas que retiram do consumidor o direito de pedir indenização por vícios ou defeitos, ou que limitam o valor dessa indenização de forma desproporcional.
- Renúncia antecipada de direitos: Cláusulas que fazem o consumidor abrir mão de seus direitos antes mesmo de surgirem eventuais problemas, como a renúncia ao direito de reclamar de vícios ocultos.
- Transferência da responsabilidade do fornecedor: Quando o fornecedor tenta se eximir de suas responsabilidades, repassando ao consumidor obrigações que são inerentes à sua atividade.
- Vantagem excessiva ao fornecedor: Cláusulas que estabelecem prazos de prescrição muito curtos para o consumidor reclamar, ou que permitem ao fornecedor alterar unilateralmente o preço ou as condições do contrato sem aviso prévio.
- Imposição de obrigações desarrazoadas: Por exemplo, que obrigam o consumidor a pagar juros abusivos em caso de atraso, ou que estabelecem multas desproporcionais.
- Cláusulas que declaram o consumidor como responsável por casos fortuitos ou de força maior: Situações imprevisíveis e inevitáveis que não são de responsabilidade do consumidor.
- Venda casada: A imposição de um produto ou serviço para que outro seja adquirido.
Qual a consequência de uma cláusula abusiva?
A lei é clara: são consideradas nulas de pleno direito as cláusulas que infringem o artigo 51. Isso significa que, mesmo que constem em um contrato assinado pelo consumidor, essas cláusulas não têm validade jurídica e não podem ser exigidas pelo fornecedor. O restante do contrato, se não for prejudicado pela nulidade da cláusula abusiva, permanece válido.
Em resumo:
O artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor é uma ferramenta fundamental para proteger os cidadãos contra práticas comerciais injustas. Ele estabelece uma lista de cláusulas que são consideradas abusivas e, portanto, inválidas, garantindo que os contratos de consumo sejam mais justos e equilibrados, sempre com o consumidor em uma posição de menor vulnerabilidade.