CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Lei Nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990.
Artigo 107
As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição do conflito de consumo.
§ 1º A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de títulos e documentos.

§ 2º A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias.

§ 3º Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data posterior ao registro do instrumento.


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Resumo Jurídico

Dívidas e Prescrição: O Prazo para Cobrança e a Perda do Direito

O artigo 107 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) aborda um tema crucial para a relação entre consumidores e fornecedores: a prescrição da pretensão de cobrança. Em termos simples, ele estabelece que o direito de um fornecedor cobrar judicialmente uma dívida de um consumidor se extingue com o tempo.

O que isso significa na prática?

Significa que, após um determinado período, o fornecedor perde a capacidade legal de ingressar com uma ação na justiça para forçar o pagamento de uma dívida. Essa perda do direito é conhecida como prescrição.

Por que existe a prescrição?

A prescrição serve a diversos propósitos importantes:

  • Segurança jurídica: Evita que as pessoas vivam sob a ameaça constante de serem cobradas por dívidas antigas, que podem ter sido esquecidas, pagas ou regularizadas de outras formas.
  • Paz social: Garante que, após um certo tempo, as relações patrimoniais se tornem estáveis e definitivas.
  • Prevenção de fraudes: Dificulta a cobrança de dívidas inexistentes ou já pagas, que poderiam ser alegadas após muito tempo.

Qual o prazo de prescrição?

O artigo 107 do CDC, em sua redação atual, estabelece que a pretensão de cobrança de dívidas prescreve em 5 anos. Este é o prazo geral, mas é fundamental notar que existem outras leis que podem estabelecer prazos diferentes para situações específicas.

O que acontece quando a dívida prescreve?

Quando a pretensão de cobrança de uma dívida prescreve:

  • O fornecedor não pode mais cobrar judicialmente: Ele não poderá entrar com um processo para forçar o pagamento.
  • O consumidor não é mais obrigado a pagar judicialmente: Caso o fornecedor tente uma cobrança judicial após a prescrição, o consumidor poderá alegar a prescrição em sua defesa e ter o pedido negado.
  • A dívida ainda existe em sua forma "natural": É importante entender que a prescrição não "apaga" a dívida do ponto de vista moral ou em cadastros de inadimplentes que não dependem de ação judicial para atualização (como alguns sistemas de bancos de dados internos de empresas). O fornecedor ainda pode tentar uma cobrança amigável, mas sem a força da lei.

Importante ressaltar:

  • Interrupção e Suspensão: Certos atos podem interromper ou suspender o prazo de prescrição. A interrupção faz com que o prazo comece a contar novamente do zero. A suspensão faz com que o prazo pare de correr temporariamente, e retome de onde parou após o motivo da suspensão cessar. Exemplos comuns de interrupção são o protesto judicial, o reconhecimento da dívida pelo devedor e o ajuizamento de ação pelo credor. A suspensão pode ocorrer em casos de incapacidade do credor ou devedor, por exemplo.
  • Prescrição Intercorrente: Existe também a prescrição intercorrente, que ocorre em processos judiciais já em andamento, quando o credor demonstra inércia e o processo fica parado por um longo período.
  • Diferença entre prescrição e decadência: Embora ambos envolvam a perda de um direito pelo decurso do tempo, a prescrição se refere à perda do direito de exigir judicialmente um direito (como cobrar uma dívida), enquanto a decadência se refere à perda do próprio direito em si, que deixa de existir.

Em resumo, o artigo 107 do CDC oferece uma proteção importante ao consumidor ao estabelecer um limite temporal para que os fornecedores possam exercer seu direito de cobrança judicial. Conhecer esse prazo é fundamental para garantir a segurança jurídica e evitar a cobrança indevida de dívidas prescritas.