CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 953
A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.


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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

O Dano Moral e Sua Reparação: Um Guia Esclarecedor sobre o Artigo 953 do Código Civil

O Código Civil brasileiro estabelece um conjunto de normas que visam organizar a vida em sociedade, garantindo direitos e deveres a todos. Dentre esses direitos, destaca-se o direito à reparação por danos. O artigo 953, em particular, aborda uma esfera de dano muitas vezes intangível, mas igualmente devastadora: o dano moral.

O Que é Dano Moral?

O dano moral, em sua essência, refere-se a um prejuízo que afeta a esfera íntima, a honra, a imagem, a reputação, a dignidade e os sentimentos de uma pessoa. Não se trata de um dano material, como um objeto quebrado, mas sim de uma ofensa que causa dor, sofrimento, angústia, tristeza ou abalo psicológico.

Pense, por exemplo, em uma calúnia proferida publicamente que mancha a reputação de alguém, ou em uma situação vexatória que causa profunda humilhação. Estes são exemplos clássicos de situações que podem gerar dano moral.

O Dever de Reparar: Um Princípio Fundamental

O artigo 953 do Código Civil consagra um princípio fundamental do direito civil: aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Isso significa que, se uma pessoa, de forma culposa ou dolosa (com intenção), causa um dano à esfera íntima de outra, ela tem o dever de reparar esse prejuízo. A lei busca, assim, restabelecer, na medida do possível, o estado anterior à ofensa, ou, quando isso não é possível, compensar a vítima pela dor e sofrimento experimentados.

Como Funciona a Reparação do Dano Moral?

A reparação do dano moral não se limita a uma simples "indenização" no sentido de dinheiro. Embora a compensação financeira seja a forma mais comum e efetiva de reparar o dano moral, o artigo 953 também abre espaço para outras medidas:

  • Compensação em Dinheiro: O valor a ser pago a título de reparação moral é determinado pelo juiz, levando em consideração diversos fatores, como a gravidade da ofensa, a condição econômica das partes, a extensão do abalo psicológico sofrido pela vítima e o caráter punitivo-pedagógico da medida (para desestimular futuras condutas semelhantes). O objetivo é que o valor sirva como um alívio para o sofrimento da vítima e como uma sanção para o ofensor.

  • Outras Formas de Reparação: Em casos específicos, o juiz pode determinar outras medidas para reparar o dano moral, como a retratação pública do ofensor, a publicação da decisão judicial, ou a exclusão de conteúdo ofensivo da internet.

Aspectos Importantes a Serem Considerados:

  • Prova do Dano: Para que o dano moral seja reconhecido e reparado, é necessário que a vítima consiga provar a ocorrência da ofensa e o abalo psicológico sofrido. As provas podem incluir testemunhos, documentos, gravações, laudos médicos ou psicológicos, entre outros.

  • Responsabilidade Solidária: O artigo 953 também estabelece que, se o dano moral tiver sido causado por mais de uma pessoa, todas elas serão solidariamente responsáveis pela reparação. Isso significa que a vítima pode exigir a totalidade da indenização de qualquer um dos ofensores, e estes, posteriormente, poderão se acertar entre si.

  • Ausência de Dano Patrimonial: É crucial entender que o dano moral pode ocorrer independentemente de haver um dano material. Uma pessoa pode sofrer um grave abalo em sua honra sem que seu patrimônio seja diretamente afetado.

Em Resumo:

O artigo 953 do Código Civil protege a esfera mais íntima do ser humano, reconhecendo que a honra, a imagem e a dignidade são bens jurídicos tão valiosos quanto os bens materiais. Ele estabelece que quem causa um dano moral a outrem, seja por ação ou omissão voluntária, tem o dever de reparar esse prejuízo, geralmente através de uma compensação financeira, visando aliviar o sofrimento da vítima e coibir condutas ofensivas. A compreensão deste artigo é fundamental para a promoção de uma sociedade mais justa e respeitosa.