CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 849
A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa.
Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes.


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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

A Transação: Um Acordo para Evitar Litígios

O artigo 849 do Código Civil aborda a transação, um importante instrumento jurídico que permite às partes, mediante concessões recíprocas, extinguir obrigações e prevenir ou terminar um litígio. Essencialmente, é um acordo privado celebrado entre as partes para resolver suas divergências, seja antes mesmo de uma ação judicial ser proposta, seja no curso de um processo em andamento.

O Que é a Transação?

A transação é um contrato onde duas ou mais pessoas, com intenções e vontades opostas em relação a um determinado direito, estabelecem concessões mútuas. Em outras palavras, cada parte abre mão de algo que acredita ter direito para alcançar um acordo satisfatório com a outra parte. O objetivo primordial é a prevenção ou o fim de uma disputa judicial, evitando os custos, a demora e a incerteza inerentes a um processo.

Princípios Fundamentais da Transação:

  • Concessões Recíprocas: Este é o pilar da transação. Não se trata de uma renúncia unilateral, mas sim de uma troca. Uma parte cede em um ponto, enquanto a outra cede em outro, buscando um equilíbrio.
  • Extinção da Obrigação: Ao celebrar uma transação válida, as obrigações que eram objeto da disputa se extinguem. Isso significa que, uma vez cumprido o acordo transacional, as partes não poderão mais discutir judicialmente os mesmos pontos que foram objeto da transação.
  • Natureza Declaratória e Constitutiva: A transação possui uma dupla natureza. Ela declara a existência de um direito ou a forma como uma obrigação será cumprida, e ao mesmo tempo, constitui um novo estado jurídico, extinguindo as obrigações anteriores e estabelecendo as novas condições.

Para Que Serve a Transação?

A transação é um mecanismo extremamente útil em diversas situações, como:

  • Evitar Processos Judiciais: Quando as partes percebem que uma disputa judicial será longa, custosa e incerta, a transação surge como uma alternativa mais eficiente para resolver a questão.
  • Encerrar Litígios em Andamento: Mesmo que um processo já tenha sido iniciado, as partes podem, a qualquer momento, chegar a um acordo transacional para encerrar a disputa e evitar a continuidade da ação.
  • Reduzir Conflitos: A transação promove a pacificação social, pois permite que as partes resolvam suas diferenças de forma amigável, sem a necessidade de intervenção judicial final.

O Que Pode Ser Objeto de Transação?

A regra geral é que a transação pode versar sobre quaisquer direitos patrimoniais de caráter disponível. Isso significa que tudo aquilo que pode ser negociado financeiramente e que não seja de ordem pública ou indisponível por lei, pode ser objeto de um acordo transacional.

Exemplos:

  • Acordos sobre dívidas e pagamentos.
  • Divisões de bens em heranças.
  • Acordos em disputas de contratos.
  • Compensações por danos materiais.

Importante: A transação não pode versar sobre direitos indisponíveis, como:

  • Direitos personalíssimos (vida, honra).
  • Direitos de família (pátrio poder, investigação de paternidade).
  • Direitos relacionados à moralidade pública.

Consequências de uma Transação Válida:

Uma vez que a transação é realizada de forma válida, ela possui força de coisa julgada. Isso significa que o acordo celebrado entre as partes, sobre os pontos que foram transacionados, torna-se imutável, da mesma forma que uma decisão judicial final. As partes não poderão mais, futuramente, reabrir a discussão sobre aqueles mesmos direitos ou obrigações que foram objeto do acordo.

Em Resumo:

A transação, conforme previsto no artigo 849 do Código Civil, é uma ferramenta poderosa para a resolução de conflitos. Ela incentiva a autocomposição, permitindo que as partes, com sabedoria e vontade de acordo, definam suas próprias soluções, economizando tempo, dinheiro e desgastes emocionais, ao mesmo tempo em que garante a segurança jurídica para as obrigações ajustadas.