CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 434
Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente;

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

III - se ela não chegar no prazo convencionado.


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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

Artigo 434 do Código Civil: A Eficácia dos Contratos em Relação a Terceiros

Este artigo estabelece um princípio fundamental no direito contratual brasileiro: a relatividade dos efeitos do contrato. De forma clara e direta, o artigo 434 dispõe que, em regra, o contrato só produz efeitos entre as partes que o celebraram.

O que isso significa na prática?

Imagine que você faz um contrato de prestação de serviços com um profissional. Esse contrato cria obrigações e direitos apenas para você (contratante) e para o profissional (contratado). Nenhuma outra pessoa, que não participou diretamente da negociação e assinatura, pode ser obrigada a cumprir as cláusulas desse acordo, nem pode se beneficiar diretamente dele, a menos que haja uma previsão legal ou contratual específica para isso.

Exemplos práticos:

  • Contrato de aluguel: O locador (proprietário) e o locatário (inquilino) são as partes do contrato de aluguel. Um vizinho, por exemplo, não pode exigir que o inquilino pague o aluguel ou desocupe o imóvel, pois não faz parte do contrato. Da mesma forma, o inquilino não pode exigir do vizinho que ele realize reparos na casa alugada.
  • Contrato de compra e venda: Ao comprar um carro, apenas o comprador e o vendedor assumem as obrigações e direitos relacionados à transferência de propriedade e ao pagamento. O mecânico que consertou o carro anteriormente não tem qualquer direito ou obrigação em relação a essa nova transação.

O princípio da relatividade não é absoluto:

É importante notar que o princípio da relatividade dos efeitos do contrato possui algumas exceções. O próprio Código Civil prevê situações em que terceiros podem ser afetados por um contrato. Duas das mais comuns são:

  1. Contratos em favor de terceiro (ou estipulação em favor de terceiro): Uma das partes do contrato pode se comprometer a beneficiar uma terceira pessoa. Por exemplo, em um seguro de vida, o segurado contrata a seguradora e indica um beneficiário que receberá o valor em caso de sua morte. Esse beneficiário, que não participou da negociação original, tem o direito de receber a indenização.
  2. Sucessão: Em casos de falecimento de uma das partes, seus herdeiros e sucessores passam a figurar no lugar do falecido nos contratos, assumindo suas obrigações e direitos. Assim, as obrigações do contrato se estendem aos sucessores.

Em resumo:

O artigo 434 do Código Civil reforça a ideia de que os acordos são feitos entre as pessoas que os criam. No entanto, é fundamental estar ciente de que existem situações específicas onde os efeitos de um contrato podem, sim, alcançar terceiros. A interpretação e aplicação desse artigo devem sempre considerar o contexto e as demais disposições legais pertinentes.