CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 359
Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

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Resumo Jurídico

Artigo 359 do Código Civil: Desvendando a Responsabilidade do Devedor Insolvente

Este artigo trata de uma situação específica e crucial dentro do direito obrigacional: a responsabilidade do devedor que, ciente de sua própria insolvência (ou seja, da incapacidade de pagar todas as suas dívidas), se desfaz de seus bens de forma fraudulenta.

O Que Significa a Insolvência Fraudulenta?

Imaginemos um cenário onde uma pessoa, sabendo que não tem patrimônio suficiente para cobrir todos os seus credores, decide "esvaziar" seus bens. Isso pode ocorrer de diversas formas:

  • Doando seus bens para familiares ou amigos.
  • Vendendo seus bens por um preço muito abaixo do valor de mercado, com o intuito de prejudicar os credores.
  • Simulando dívidas ou criam dívidas fictícias para justificar a saída de bens.
  • Ocultando seus bens para torná-los inacessíveis aos credores.

O artigo 359 entra em cena quando essas ações visam justamente prejudicar a satisfação dos direitos dos credores. Não se trata de uma simples dificuldade financeira, mas de um ato intencional para evitar o pagamento.

A Consequência Jurídica: O Negócio Fraudulento

A lei, ao prever essa situação, estabelece que o negócio jurídico realizado pelo devedor insolvente, com o intuito de prejudicar credores, é considerado fraudulento.

Isso significa que, se um credor comprovar que:

  1. O devedor estava em estado de insolvência.
  2. O devedor sabia ou deveria saber de sua insolvência.
  3. O negócio jurídico realizado (doação, venda, etc.) foi feito com o objetivo de prejudicar os credores.

Então, esse negócio pode ser anulado por ação judicial. Essa anulação é chamada de ação revocatória ou ação pauliana.

O Que Significa a Anulação do Negócio?

Quando um negócio é anulado pela justiça, é como se ele nunca tivesse existido legalmente. No contexto do artigo 359:

  • O bem retorna ao patrimônio do devedor: Se o bem foi vendido, por exemplo, ele deve ser devolvido ao devedor para que possa ser utilizado para pagar as dívidas.
  • O credor pode executar o bem: Com o bem de volta ao patrimônio do devedor, o credor que entrou com a ação poderá buscar a satisfação de seu crédito através da execução desse bem.

Quem Pode Pedir a Anulação?

O direito de pedir a anulação desses negócios fraudulento é restrito aos credores prejudicados. Ou seja, aquele que pode demonstrar que a saída do bem do patrimônio do devedor o impediu ou dificultou severamente o recebimento de seu crédito.

Em Resumo:

O artigo 359 do Código Civil protege os credores contra atos de descapitalização fraudulenta por parte de devedores insolventes. Ele garante que o patrimônio do devedor, que serve como garantia para o pagamento das dívidas, não seja ilicitamente reduzido, permitindo que os credores busquem a anulação desses atos e a recuperação de seus créditos. É um mecanismo fundamental para a segurança das relações comerciais e para a justiça nas obrigações financeiras.