CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 243
A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.

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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

Desvendando o Artigo 243 do Código Civil: A Proibição da Venda de Coisas Fora do Comércio

O artigo 243 do Código Civil brasileiro estabelece uma regra fundamental para a validade dos negócios jurídicos que envolvem a venda de bens: a proibição da venda de coisas que a lei declarou insuscetíveis de serem alienadas. Em termos mais simples, não se pode vender algo que a lei explicitamente impede que seja negociado, transferido ou vendido.

O Que Significa "Insuscetíveis de Serem Alienadas"?

A expressão "insuscetíveis de serem alienadas" refere-se a bens que, por sua natureza ou por determinação legal, não podem ser objeto de compra e venda ou de qualquer outra forma de transferência de propriedade. Essa proibição pode ter diversas origens e finalidades, visando proteger bens de interesse público, a própria sociedade ou grupos específicos.

Exemplos Práticos de Bens Fora do Comércio:

Para entender melhor, podemos citar alguns exemplos comuns de bens que, em geral, são considerados fora do comércio:

  • Bens públicos: Como praças, ruas, estradas, rios, lagos e outros bens de uso comum do povo ou de uso especial, que pertencem ao Estado e não podem ser vendidos a particulares.
  • Órgãos e tecidos humanos: A legislação brasileira proíbe estritamente a comercialização de órgãos e tecidos, visando evitar práticas desumanas e garantir a dignidade humana.
  • Herança de pessoa viva: Não se pode vender a expectativa de uma herança antes que a pessoa a quem ela pertence venha a falecer e a sucessão seja aberta.
  • Servidores públicos em atividade: A venda de cargos públicos ou de funções públicas é ilegal e configura crime.
  • Objetos de valor histórico ou artístico de tombamento: Bens que foram tombados como patrimônio histórico ou cultural podem ter sua alienação restrita ou proibida, dependendo da legislação específica.
  • Determinadas drogas e substâncias ilícitas: A venda e a posse de substâncias controladas por lei são proibidas e sujeitas a sanções penais.

A Importância da Proibição:

A finalidade do artigo 243 é garantir a ordem social, a moralidade pública e a proteção de bens considerados essenciais ou de interesse coletivo. Ao proibir a venda desses bens, o legislador busca evitar:

  • A exploração e o tráfico: Impedir que bens de valor humano ou social sejam transformados em mercadoria.
  • A desordem social: Preservar o uso e o acesso a bens públicos e coletivos.
  • A violação de princípios éticos: Proteger a dignidade humana e a integridade social.

Consequências da Venda de Bens Fora do Comércio:

Um negócio jurídico que tenha como objeto a venda de um bem declarado insuscetível de alienação é nulo. Isso significa que o negócio não produzirá nenhum efeito legal, como se nunca tivesse existido. Além da nulidade, a pessoa que tentar ou realizar a venda de tais bens pode estar sujeita a sanções legais, que podem incluir multas e até mesmo penalidades criminais, dependendo da natureza do bem e da legislação aplicável.

Em Suma:

O artigo 243 do Código Civil é um guardião da legalidade e da ordem social, impedindo que bens essenciais ou protegidos por lei sejam transacionados livremente no mercado. Ele reforça a ideia de que nem tudo pode ser comprado ou vendido, estabelecendo limites claros para a autonomia da vontade nas relações jurídicas. Ao compreender esse artigo, reforçamos a importância de respeitar as proibições legais e garantir que os negócios jurídicos estejam sempre em conformidade com os princípios que regem a sociedade.