CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 1365
É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta.


 
 
 
Resumo Jurídico

Dívidas e a Liberdade Patrimonial: Entendendo o Artigo 1365 do Código Civil

Este artigo traz um conceito fundamental para a segurança das relações jurídicas e para a proteção do patrimônio individual: a impugnação judicial de atos que visam prejudicar credores. Em termos simples, ele estabelece que é possível anular judicialmente atos praticados por um devedor que tenham como objetivo fraudar o pagamento de suas dívidas.

Imagine que você é credor de alguém. Essa pessoa, sabendo que lhe deve, de repente decide doar todos os seus bens para um parente ou vender tudo por um preço irrisório. Se essa atitude for feita com a intenção clara de esvaziar seu patrimônio e, assim, impedir que você receba o que lhe é devido, o artigo em questão oferece uma ferramenta para reverter essa situação.

O que o artigo 1365 permite?

Ele possibilita que um credor, que se encontra em situação de desvantagem devido a um ato fraudulento de seu devedor, ingresse com uma ação judicial para que esse ato seja declarado ineficaz. Isso significa que, para fins de cumprimento da obrigação, esse ato não terá validade.

Quais são os requisitos para que um credor possa se valer deste artigo?

Para que um credor consiga anular judicialmente um ato do devedor, geralmente são necessários alguns elementos:

  • A existência de um crédito: Deve haver uma dívida legalmente reconhecida.
  • Um ato de disposição patrimonial: O devedor deve ter praticado um ato que envolva a transferência, venda, doação ou qualquer outra forma de diminuição de seu patrimônio.
  • O "eventus damni": Ou seja, a prova de que esse ato realmente prejudica os direitos do credor, tornando o devedor insolvente ou incapaz de pagar a dívida.
  • O "consilium fraudis": A prova de que o ato foi praticado com a intenção de prejudicar credores. Essa intenção pode ser demonstrada de diversas formas, como a realização do ato em momento de iminente execução ou o caráter claramente desvantajoso da transação.

Por que isso é importante?

Este artigo é um pilar da segurança jurídica e da boa-fé nas relações contratuais. Ele impede que devedores mal-intencionados se livrem de suas responsabilidades de forma arbitrária, protegendo aqueles que têm o direito de receber o que lhes é devido. Sem essa proteção, a confiança nas transações comerciais e financeiras seria seriamente abalada.

Em resumo, o artigo 1365 do Código Civil é uma ferramenta poderosa para garantir que os credores não saiam prejudicados por atitudes fraudulentas de seus devedores, permitindo a anulação de atos que visem ocultar ou esvaziar o patrimônio para evitar o pagamento de dívidas.