CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 1192
Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu § 1º , ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros.
Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental em contrário.


 
 
 
Resumo Jurídico

Desvendando o Artigo 1.192 do Código Civil: A Presunção de Boa-Fé na Posse

O artigo 1.192 do Código Civil estabelece uma presunção legal importantíssima no âmbito do direito civil, especialmente nas relações que envolvem a posse de bens. De forma clara e educativa, podemos entender que este artigo consagra um princípio fundamental: a posse é presumidamente de boa-fé.

O Que Significa "Posse de Boa-Fé"?

Para compreendermos o artigo, é essencial definir o que é a posse de boa-fé. Uma pessoa está de posse de boa-fé quando acredita estar exercendo a posse de um bem de maneira legítima, sem ter conhecimento de que está violando o direito de outra pessoa. Em outras palavras, o possuidor acredita ser o verdadeiro dono ou ter algum direito sobre o bem.

A Presunção do Artigo 1.192

O artigo 1.192 inverte o ônus da prova. Em vez de o possuidor ter que provar que agiu de boa-fé, a lei presume que ele assim agiu. Isso significa que, na ausência de provas em contrário, considera-se que quem possui um bem está fazendo-o de forma lícita e com a convicção de que tem o direito de assim fazê-lo.

Exemplo: Imagine que João compra um carro de Pedro. João paga o valor acordado e recebe o documento do veículo em seu nome. A lei presume que João está de boa-fé na posse do carro, acreditando ser o legítimo proprietário.

O Ônus da Prova: Quem Precisa Provar?

O ponto crucial do artigo 1.192 é que a prova da má-fé recai sobre quem alega. Se alguém afirma que a posse de João sobre o carro é de má-fé, essa pessoa é quem deverá apresentar evidências concretas que demonstrem que João sabia ou deveria saber que não tinha o direito de possuir o veículo.

Voltando ao exemplo, se o antigo proprietário do carro aparecer e alegar que Pedro não tinha o direito de vender o veículo, ele (o antigo proprietário) é quem precisará provar que João sabia dessa irregularidade no momento da compra.

Importância Jurídica da Boa-Fé

A presunção de boa-fé é fundamental no direito civil por diversas razões:

  • Segurança Jurídica: Garante maior tranquilidade nas relações de posse, evitando que toda posse seja questionada sem fundamento.
  • Facilitação de Negócios: Torna as transações comerciais mais seguras e ágeis, pois presume-se a lisura dos adquirentes.
  • Proteção ao Possuidor: Protege aquele que, de fato, acredita estar agindo dentro da legalidade, evitando que seja penalizado indevidamente.
  • Fundamento para Outros Direitos: A boa-fé na posse é frequentemente um requisito para a aquisição de outros direitos, como a usucapião (aquisição da propriedade pela posse prolongada).

Consequências da Má-Fé

Por outro lado, se for comprovada a má-fé do possuidor, as consequências jurídicas podem ser significativas. Dependendo da situação, o possuidor de má-fé pode ser obrigado a:

  • Restituir o bem ao legítimo proprietário.
  • Pagar indenizações por eventuais danos causados.
  • Perder o direito à aquisição do bem por usucapião.

Em Resumo

O artigo 1.192 do Código Civil, ao presunir a boa-fé na posse, estabelece um pilar para a segurança jurídica nas relações de propriedade. Ele dita que, em regra, quem possui um bem é considerado de boa-fé, cabendo a quem alega o contrário a responsabilidade de provar a má-fé. Este princípio visa proteger o possuidor que age com diligência e honestidade, facilitando o fluxo das relações civis.