Resumo Jurídico
Proteção dos Direitos de Crianças e Adolescentes: Garantindo o Acompanhamento Familiar
O artigo 87 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece um princípio fundamental para a proteção e o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes que se encontram em situação de vulnerabilidade. Sua principal finalidade é garantir que, em qualquer situação que demande intervenção estatal para a proteção desses jovens, a família natural seja sempre a primeira e principal opção a ser considerada.
O que significa "família natural"?
A família natural, em termos legais, compreende os pais, a mãe e, subsidiariamente, a família extensa. A família extensa inclui parentes próximos como avós, tios e irmãos, que possam ter um vínculo afetivo e de cuidado estabelecido com a criança ou adolescente. O objetivo é manter o jovem em seu ambiente de convivência habitual, preservando seus laços afetivos, sociais e culturais.
Quando o artigo 87 entra em ação?
Este artigo é acionado em situações em que a criança ou adolescente se encontra em alguma das seguintes circunstâncias:
- Vítima de maus-tratos, abuso sexual ou exploração.
- Abandono.
- Privado do convívio familiar.
- Em qualquer outra situação que ameace sua integridade física, psicológica ou moral.
O Processo de Garantia e Proteção:
Diante de uma situação de risco, o poder público, através dos órgãos competentes (como conselhos tutelares, serviços de assistência social e o Ministério Público), tem o dever de agir para proteger a criança ou adolescente. O artigo 87 dita que a primeira medida a ser tomada é a orientação e o apoio à família natural.
Isso significa que, antes de qualquer medida mais drástica, como o encaminhamento para acolhimento institucional, os responsáveis e a família extensa devem ser procurados, orientados e receber o suporte necessário para que possam prover as condições adequadas de cuidado e segurança. A ideia é fortalecer os vínculos familiares e oferecer recursos para que a própria família possa solucionar as dificuldades apresentadas.
Prioridade à Família:
É crucial entender que o artigo 87 estabelece uma preferência clara pela família natural. Apenas quando se esgotarem todas as possibilidades de manter a criança ou adolescente em seu convívio familiar, e a situação de risco persistir, é que outras medidas de proteção, como o acolhimento institucional ou familiar (em outro núcleo familiar), poderão ser consideradas.
Em resumo, o artigo 87 do ECA busca:
- Preservar os laços familiares: Reconhecendo a importância da família para o desenvolvimento da criança e do adolescente.
- Garantir a primeira opção de cuidado: Priorizando a família natural sempre que possível.
- Oferecer suporte e orientação: Ajudando as famílias a superar dificuldades e a prover um ambiente seguro.
- Evitar a separação desnecessária: Promovendo o retorno e a permanência do jovem em seu lar, sempre que as condições permitirem.
Esta disposição legal reflete o entendimento de que o ambiente familiar, com seus vínculos afetivos, é o mais indicado para o pleno desenvolvimento da infância e da juventude, e que o Estado tem o dever de auxiliar as famílias a cumprir esse papel essencial.