CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 486
Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o juiz presidente mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a palavra sim, 7 (sete) a palavra não. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

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Resumo Jurídico

Artigo 486 do Código de Processo Penal: A Nulidade e seus Reflexos

O Artigo 486 do Código de Processo Penal (CPP) trata de uma questão fundamental no processo penal: a nulidade das provas. Em termos simples, ele estabelece o que acontece quando uma prova utilizada no julgamento é declarada ilegal ou inconstitucional.

A Essência do Artigo 486

A lei, ao prever a possibilidade de uma prova ser considerada nula, busca garantir a justiça e a legalidade do processo. Ou seja, o que é obtido de forma ilícita ou que viole direitos fundamentais não pode servir de base para uma condenação.

O Artigo 486 do CPP estabelece que, se uma prova for declarada nula, todos os atos decisórios que dela dependeram serão igualmente considerados nulos. Isso significa que, se a decisão de um juiz ou tribunal se baseou, mesmo que parcialmente, em uma prova que posteriormente foi declarada nula, essa decisão perde sua validade e deve ser refeita, sem considerar a prova viciada.

Exemplos Práticos e Contextos

Para entender melhor, pensemos em alguns cenários:

  • Interceptação telefônica ilegal: Se uma escuta telefônica for realizada sem autorização judicial ou de forma irregular, ela é considerada nula. Se essa escuta for a única ou a principal prova contra um réu, e for declarada nula, a sentença condenatória que se baseou nela também será anulada.
  • Busca e apreensão sem mandado: Uma busca e apreensão realizada em uma residência sem o devido mandado judicial (salvo exceções previstas em lei) é ilegal. Caso os objetos apreendidos sejam cruciais para a acusação e a prova seja declarada nula, a decisão que a utilizou também poderá ser anulada.
  • Confissão obtida sob tortura: Uma confissão obtida por meio de violência, ameaça ou tortura é nula. Se essa confissão for a base da condenação, a decisão judicial será igualmente nula.

A Importância da Declaração de Nulidade

A declaração de nulidade de uma prova não ocorre automaticamente. É necessário que a parte interessada (geralmente a defesa) alegue a ilegalidade ou inconstitucionalidade da prova e que o juiz ou tribunal a reconheça. Após essa declaração formal, é que os efeitos previstos no Artigo 486 do CPP passam a valer.

Consequências e o Recomeço do Processo

Quando um ato decisório é declarado nulo em virtude da nulidade de uma prova, o processo não necessariamente chega ao fim. Em muitos casos, isso implica em:

  1. Anulação da decisão: A decisão que se baseou na prova nula é revogada.
  2. Retorno ao estado anterior: O processo retorna ao momento em que a prova foi produzida ou admitida.
  3. Necessidade de novo julgamento ou instrução: O juiz ou tribunal deverá proferir uma nova decisão, ou, em alguns casos, pode ser necessária a renovação de parte da instrução processual, sem a utilização da prova nula.

O Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa

O Artigo 486 do CPP está intimamente ligado aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Garantir que apenas provas lícitas sejam utilizadas assegura que o réu tenha a oportunidade de se defender de forma plena e justa, sem ser prejudicado por evidências obtidas de maneira irregular.

Em suma, o Artigo 486 do Código de Processo Penal funciona como um mecanismo de salvaguarda contra a injustiça, garantindo que a repressão penal se dê dentro dos limites da lei e do respeito aos direitos fundamentais. Uma prova viciada não pode, sob hipótese alguma, sustentar uma condenação.