CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 435
Serão afixados na porta do edifício do Tribunal do Júri a relação dos jurados convocados, os nomes do acusado e dos procuradores das partes, além do dia, hora e local das sessões de instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

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Resumo Jurídico

O Desentranhamento de Provas no Processo Penal

O artigo 435 do Código de Processo Penal trata de uma situação específica que pode ocorrer durante a instrução processual: a necessidade de separar (desentranhar) peças ou documentos que foram juntados indevidamente aos autos.

Em termos simples, o desentranhamento ocorre quando:

  • Algo é inserido no processo sem que a lei o permita ou sem que haja uma necessidade para a apuração dos fatos.
  • Um documento ou peça processual que deveria ter sido mantido em sigilo é revelado sem autorização.

Quem pode pedir o desentranhamento?

A lei prevê que qualquer das partes (acusação ou defesa) ou o próprio juiz, de ofício (por iniciativa própria), pode solicitar o desentranhamento.

Quais documentos podem ser desentranhados?

A norma se refere a "peças" ou "documentos", abrangendo uma variedade de materiais, como:

  • Documentos juntados sem amparo legal: Por exemplo, se uma prova é obtida de forma ilegal e posteriormente juntada aos autos.
  • Interceptações telefônicas ou de comunicação: Se essas interceptações foram realizadas sem a devida autorização judicial ou se o conteúdo for irrelevante para o caso, podem ser desentranhadas para proteger a intimidade.
  • Informações sigilosas: Dados bancários, fiscais ou informações médicas, por exemplo, que só podem ser acessados em circunstâncias específicas.
  • Outras peças que não sejam úteis para o julgamento: Documentos que não contribuem para a elucidação dos fatos ou que são meramente protelatórios.

Qual o objetivo do desentranhamento?

O desentranhamento visa garantir a legalidade, a moralidade e a eficiência do processo penal. Ao remover elementos que não deveriam estar ali, evita-se:

  • Nulidades processuais: A inclusão de provas ilegais pode contaminar todo o processo.
  • Violação de direitos fundamentais: Como o direito à intimidade e ao sigilo das comunicações.
  • Prolongamento desnecessário do processo: Ao descartar o que é irrelevante.

Como funciona o procedimento?

Quando uma parte ou o juiz identifica a necessidade de desentranhar algo, é aberto um incidente processual. Isso significa que se instaura uma espécie de mini-processo dentro do processo principal, onde:

  1. A parte que juntou o documento (ou quem se beneficia de sua manutenção) tem a chance de se manifestar e defender sua permanência nos autos.
  2. A parte que requer o desentranhamento deve fundamentar sua solicitação, explicando por que a peça ou documento deve ser retirado.
  3. O juiz analisará os argumentos de ambas as partes e decidirá se o desentranhamento é cabível ou não.

Importante:

O desentranhamento não significa que a prova deixará de existir. Geralmente, a peça ou documento desentranhado é remetido em separado, com acesso restrito e apenas para fins de controle ou para eventual recurso em instâncias superiores, garantindo que, se necessário, sua legalidade ou pertinência possa ser revista posteriormente, sem, contudo, prejudicar o andamento do processo principal.

Em resumo, o artigo 435 garante que o processo penal se mantenha limpo, justo e pautado na legalidade, permitindo a remoção de elementos que não deveriam fazer parte da instrução probatória.