CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 402
Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

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Resumo Jurídico

Artigo 402 do Código de Processo Penal: A Oportunidade de Dizer o Direito

O artigo 402 do Código de Processo Penal (CPP) é um dispositivo de suma importância para garantir o direito de defesa e a busca pela verdade real em um processo criminal. Ele estabelece um momento crucial após a instrução probatória, permitindo que as partes – a acusação e a defesa – apresentem suas considerações finais antes que o juiz profira sua decisão.

O Que Estabelece o Artigo 402?

Em termos simples, o artigo 402 determina que, após a produção de todas as provas apresentadas durante a instrução (ou seja, após a oitiva de testemunhas, perícias, interrogatório do réu, etc.), será aberta a oportunidade para que as partes façam suas alegações finais. Essas alegações são o momento em que cada parte expõe sua visão sobre as provas produzidas, argumentando em favor de seus pleitos.

A Importância das Alegações Finais

As alegações finais, previstas no artigo 402, cumprem um papel fundamental no processo penal por diversos motivos:

  • Sistematização das Provas: Permitem que as partes organizem e apresentem de forma lógica e coerente todo o material probatório coletado. Não se trata apenas de repetir o que foi dito, mas de conectar os fatos, as provas e os argumentos jurídicos.
  • Reflexão sobre a Verdade dos Fatos: A acusação, após apresentar suas provas, argumenta pela condenação do réu, sustentando que os fatos comprovam sua culpa. A defesa, por sua vez, busca demonstrar a inocência do réu, questionar as provas da acusação, ou apresentar teses que levem à sua absolvição ou a uma pena menor.
  • Exercício Pleno do Contraditório: O artigo 402 materializa o princípio do contraditório, pois dá às partes a chance de se manifestarem sobre tudo o que foi produzido no processo, inclusive sobre as alegações da parte contrária.
  • Auxílio ao Juiz na Tomada de Decisão: As alegações finais auxiliam o julgador a formar sua convicção. Ao ouvir os argumentos das partes sobre as provas, o juiz tem uma visão mais completa e fundamentada para proferir sua sentença, garantindo que sua decisão seja baseada em um debate contraditório e na análise dos elementos que constam nos autos.

Como Funciona na Prática?

Após o encerramento da instrução (realização das provas), o juiz concede um prazo para que a acusação (Ministério Público ou querelante, em casos específicos) apresente suas alegações finais. Em seguida, concede-se um prazo para a defesa (advogado do réu) fazer o mesmo.

Geralmente, essas alegações são apresentadas por escrito, mas em algumas situações, especialmente em processos mais complexos ou de grande repercussão, podem ser feitas oralmente em audiência. O conteúdo das alegações finais deve abordar:

  • A análise das provas produzidas (documentos, testemunhos, perícias, interrogatório do réu).
  • A aplicação do direito aos fatos discutidos.
  • O pedido final de cada parte (condenação, absolvição, desclassificação, etc.).

Conclusão

O artigo 402 do CPP é, portanto, um pilar do devido processo legal, assegurando que, após a fase de produção de provas, as partes tenham a oportunidade de consolidar seus argumentos e influenciar a decisão judicial. É o momento em que se "diz o direito" com base em tudo o que foi apresentado, fortalecendo a segurança jurídica e a imparcialidade do julgamento.