CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 218
Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.

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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

Desvendando o Artigo 218 do Código de Processo Penal: A Colaboração para a Verdade Real

O artigo 218 do Código de Processo Penal (CPP) trata de uma ferramenta processual fundamental para a busca da verdade real no contexto de um inquérito policial ou processo judicial: a requisição de informações e documentos. Em termos simples, este artigo autoriza que autoridades policiais, o Ministério Público e o juiz, durante a investigação ou o julgamento, possam solicitar a quaisquer órgãos públicos ou entidades privadas o fornecimento de dados, documentos, certidões ou qualquer outro tipo de informação que seja relevante para o esclarecimento dos fatos.

O Que Significa Isso na Prática?

Imagine que uma investigação está em andamento para apurar um crime. Se os investigadores precisarem de informações sobre a movimentação bancária de um suspeito, por exemplo, eles poderão requisitar esses dados a um banco. Da mesma forma, se for necessário conhecer o histórico de um veículo envolvido em uma infração, uma requisição poderá ser enviada ao Departamento de Trânsito.

O artigo 218 é, portanto, um instrumento de cooperação e acesso à informação, que visa superar obstáculos e garantir que todas as provas e elementos necessários para a correta apuração dos fatos estejam disponíveis.

Quem Pode Fazer a Requisição?

O próprio artigo delimita claramente quem possui a prerrogativa de realizar essas requisições:

  • Autoridade Policial: No curso do inquérito policial, para subsidiar suas investigações.
  • Ministério Público: Seja na fase de investigação (em alguns casos, dependendo da legislação específica) ou durante o processo judicial, como titular da ação penal.
  • Juiz: Durante a instrução processual, para formar seu convencimento sobre os fatos apresentados.

A Quem Pode Ser Feita a Requisição?

A amplitude do artigo 218 é notável, pois permite que as requisições sejam dirigidas a:

  • Órgãos Públicos: Incluindo todas as esferas do governo (federal, estadual e municipal), suas autarquias, fundações, etc. Isso abrange desde repartições de trânsito e registros civis até órgãos de fiscalização e controle.
  • Entidades Privadas: Empresas, associações, bancos, hospitais, e qualquer outra entidade que possua informações relevantes para a investigação ou processo.

O Que Pode Ser Requisitado?

O rol é extenso e não taxativo, englobando:

  • Informações: Dados, estatísticas, relatórios.
  • Documentos: Contratos, prontuários, laudos, certidões.
  • Certidões: Comprovação de fatos ou registros.
  • Qualquer outro elemento: Que possa auxiliar na elucidação dos fatos.

A Importância da Requisição para a Verdade Real

O objetivo primordial do sistema de justiça criminal é alcançar a verdade real, ou seja, descobrir o que efetivamente aconteceu. O artigo 218 é um pilar para essa busca, pois:

  • Democratiza o acesso à prova: Permite que as partes envolvidas, ou a autoridade judicial, busquem informações que poderiam estar inacessíveis.
  • Evita a instrução incompleta: Garante que as decisões judiciais sejam tomadas com base em um quadro completo de elementos probatórios.
  • Acelera a justiça: Ao permitir a obtenção rápida de informações cruciais, contribui para a celeridade processual.

Limitações e Responsabilidades

Apesar da ampla faculdade, é importante ressaltar que as requisições devem ser fundamentadas e pertinentes aos fatos em apuração. Não se trata de um "cheque em branco" para obter qualquer tipo de informação. A requisição deve ter um objetivo claro e estar diretamente ligada à necessidade de esclarecimento de um ponto específico da investigação ou do processo.

Além disso, as entidades que recebem as requisições têm o dever de colaborar, a menos que a informação requisitada esteja acobertada por sigilo legal ou constitucional. Nesses casos, o procedimento e as limitações para o acesso a tais informações são tratados por outras normas específicas.

Em suma, o artigo 218 do CPP confere um poder significativo às autoridades para obter informações essenciais para a administração da justiça, fortalecendo a busca pela verdade e garantindo um processo mais justo e completo.