CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Lei Nº 13.105, de 16 de Março de 2015.
Artigo 649
Os bens insuscetíveis de divisão cômoda que não couberem na parte do cônjuge ou companheiro supérstite ou no quinhão de um só herdeiro serão licitados entre os interessados ou vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, salvo se houver acordo para que sejam adjudicados a todos.

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Resumo Jurídico

Artigo 649 do Código de Processo Civil: A Impenhorabilidade de Bens Essenciais

O artigo 649 do Código de Processo Civil estabelece uma proteção fundamental para o devedor e sua família, determinando quais bens são considerados impenhoráveis. Isso significa que, em regra geral, esses bens não podem ser tomados judicialmente para satisfazer dívidas.

Quais bens são protegidos?

O artigo lista uma série de bens essenciais à sobrevivência e ao trabalho, como:

  • Dinheiro em espécie, em conta corrente ou aplicada em investimento: Essa proteção visa garantir que o devedor tenha meios mínimos para suas despesas básicas. Contudo, é importante ressaltar que existem exceções, como no caso de dívidas alimentícias.
  • Bens móveis indispensáveis ao desempenho de profissão: Ferramentas, equipamentos e outros bens essenciais para que uma pessoa possa exercer sua atividade profissional são protegidos. Isso impede que a execução da dívida comprometa a capacidade de geração de renda do devedor.
  • Livros, máquinas, instrumentos e outros bens necessários ao exercício de qualquer profissão: De forma similar ao item anterior, abrange bens de maior porte ou complexidade utilizados no trabalho.
  • A moradia familiar: O imóvel onde reside o devedor e sua família é, em regra, impenhorável. Essa proteção é um reflexo da importância constitucional do direito à moradia.
  • Móveis, utensílios e outros bens essenciais à conservação da residência: Itens básicos como cama, mesa, cadeiras, eletrodomésticos essenciais (geladeira, fogão) também são protegidos para garantir um mínimo de dignidade no lar.
  • Valores até 40 salários mínimos depositados em caderneta de poupança: Essa proteção visa garantir que pequenas economias destinadas à subsistência não sejam confiscadas.
  • Os bens que a lei declarar impenhoráveis: Existe uma lista legal que pode ser ampliada ou modificada, sempre com o intuito de resguardar direitos fundamentais.

Por que essa proteção é importante?

A impenhorabilidade de bens visa equilibrar o direito do credor de receber o que lhe é devido com a necessidade de garantir ao devedor e sua família condições mínimas de subsistência e dignidade. Sem essa proteção, uma dívida poderia levar à perda total dos bens essenciais, comprometendo a capacidade de trabalho e a própria sobrevivência do indivíduo e de seus dependentes.

Exceções à Regra

É crucial entender que a impenhorabilidade não é absoluta. O próprio artigo 649, bem como outras leis, preveem exceções importantes. As mais comuns incluem:

  • Dívidas de pensão alimentícia: O Código de Processo Civil permite a penhora de bens para garantir o pagamento de alimentos.
  • Obrigações provenientes de financiamento imobiliário: O imóvel dado em garantia em um financiamento pode ser objeto de penhora.
  • Impostos, taxas e contribuições devidas: Em certas situações, bens essenciais podem ser penhorados para o pagamento de débitos tributários.

Conclusão

O artigo 649 do Código de Processo Civil é um pilar do sistema jurídico brasileiro, assegurando que a execução de dívidas não resulte na miséria do devedor. Ele reafirma a importância de valores como a dignidade da pessoa humana e o direito à moradia, ao mesmo tempo em que busca um equilíbrio justo entre os interesses das partes em um processo judicial. No entanto, a análise das exceções e particularidades de cada caso é fundamental para uma correta aplicação da lei.