Resumo Jurídico
Art. 318: A Fraude na Entrega de Coisas
O artigo 318 do Código Penal brasileiro tipifica o crime de "Fraude na entrega de coisas", que consiste em entregar, vender ou expor à venda coisa que, de fato, não existe ou é diversa da que foi anunciada ou prometida.
Em termos simples, este artigo pune quem tenta enganar outra pessoa ao entregar algo que não corresponde ao que foi acordado ou apresentado. A fraude pode ocorrer em diferentes situações, como:
- Entrega de objeto inexistente: Vender um produto que na verdade não foi fabricado ou não existe.
- Entrega de objeto diverso: Entregar um produto diferente do que foi comprado, seja por substituição de marca, qualidade inferior, ou até mesmo um produto completamente diferente.
- Exposição à venda de algo inexistente ou diverso: Anunciar ou expor em vitrine um produto que não está realmente disponível para venda ou que não corresponde à descrição do anúncio.
Elementos Essenciais do Crime:
Para que o crime seja configurado, é necessário que estejam presentes alguns elementos:
- Conduta: O agente deve praticar uma das ações descritas: entregar, vender ou expor à venda.
- Objeto: A coisa entregue, vendida ou exposta à venda deve ser inexistente ou diversa da anunciada/prometida.
- Dolo: O agente deve ter a intenção de enganar a vítima. A fraude não pode ser um mero engano culposo (sem intenção).
- Prejuízo: Embora não seja explicitamente mencionado como elemento essencial para a configuração do crime, a intenção de causar prejuízo à vítima geralmente está implícita na conduta fraudulenta.
Finalidade do Artigo:
Este artigo busca proteger a boa-fé nas relações comerciais e contratuais, garantindo que os consumidores e as partes envolvidas em negociações recebam aquilo que foi acordado, sem serem vítimas de enganos. Ele visa evitar que indivíduos sejam lesados financeiramente ou prejudicados pela aquisição de bens ou serviços que não correspondem às suas expectativas e direitos.
Pena:
A pena prevista para este crime é de detenção, de seis meses a dois anos, e multa. A gravidade da pena pode variar de acordo com as circunstâncias do crime e o prejuízo causado à vítima.
Exemplos Práticos:
- Um vendedor anuncia a venda de um aparelho eletrônico de última geração, mas entrega um modelo antigo e com defeitos.
- Uma loja expõe em sua vitrine um celular com características específicas, mas quando o cliente vai comprar, é informado que o modelo exposto não está mais disponível e é oferecido um substituto inferior.
- Uma pessoa vende um terreno que não possui, recebendo um pagamento adiantado.
Em suma, o artigo 318 do Código Penal é um dispositivo legal fundamental para a segurança das transações comerciais e para a proteção dos direitos dos consumidores e de todas as partes que celebram acordos envolvendo a entrega de bens ou coisas. Ele pune aqueles que se utilizam de artifícios para enganar outrem, vendendo ou entregando algo que não existe ou que não corresponde ao prometido.