CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO
Decreto-Lei Nº 5.452, de 1º de Maio de 1943.
Artigo 882
O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da quantia correspondente, atualizada e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-garantia judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida no art. 835 da Lei n o 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

Acordo Extrajudicial: Uma Nova Perspectiva para a Solução de Conflitos Trabalhistas

O artigo 882 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) representa um marco importante na forma como conflitos trabalhistas podem ser resolvidos, oferecendo uma alternativa extrajudicial mais ágil e menos burocrática. Em essência, este artigo permite que empregados e empregadores cheguem a um acordo amigável sobre as questões que os separam, sem a necessidade de um processo judicial completo.

O Que Significa "Acordo Extrajudicial"?

De forma simplificada, um acordo extrajudicial é um contrato celebrado entre as partes (empregado e empregador) para solucionar litígios ou pretensões relativas a direitos e obrigações decorrentes da relação de emprego. Este acordo não depende de uma decisão judicial, sendo uma manifestação da autonomia da vontade das partes em resolver suas pendências.

Para Que Serve o Artigo 882 da CLT?

O objetivo primordial do artigo 882 é promover a paz social no ambiente de trabalho e evitar a sobrecarga do Poder Judiciário. Ao possibilitar que as partes transacionem seus direitos, a lei reconhece que nem sempre é necessário ou desejável recorrer à justiça para resolver um conflito. Muitas vezes, um diálogo aberto e a concessão mútua podem levar a uma solução satisfatória para ambos.

Como Funciona na Prática?

O acordo extrajudicial, para ter validade jurídica e eficácia de título executivo (ou seja, poder ser cobrado judicialmente caso uma das partes não cumpra o acordado), deve observar alguns requisitos essenciais:

  • Formalização: O acordo deve ser escrito. Um acordo verbal, por mais claro que seja, carece da segurança jurídica necessária.
  • Representação: O acordo deve ser feito perante o sindicato representativo da categoria profissional do empregado ou perante a Justiça do Trabalho.
    • Perante o Sindicato: Esta é uma modalidade cada vez mais utilizada e incentivada, pois o sindicato atua como um mediador neutro e conhece as particularidades da categoria. O acordo é homologado pelo sindicato.
    • Perante a Justiça do Trabalho: As partes podem, de comum acordo, levar a proposta de acordo à audiência em uma unidade da Justiça do Trabalho. Neste caso, o acordo é homologado por um juiz.
  • Objeto do Acordo: As partes podem transacionar sobre qualquer direito trabalhista que seja de livre disposição. Isso significa que direitos que não podem ser renunciados livremente (como o FGTS, em algumas situações específicas) podem ter suas condições de pagamento ou quitação objeto do acordo, mas não a própria existência do direito em si.
  • Renúncia: Ao firmar um acordo extrajudicial, as partes renunciam a direitos específicos e pontuais que eram objeto de divergência. É fundamental que a renúncia seja clara e bem definida para evitar futuras discussões.
  • Quitação: O acordo extrajudicial, uma vez homologado, tem força de quitação sobre os direitos especificados nele. Isso impede que a mesma matéria seja discutida novamente em juízo.

Benefícios do Acordo Extrajudicial:

  • Agilidade: A resolução do conflito é muito mais rápida do que um processo judicial tradicional.
  • Redução de Custos: Evita despesas com advogados e custas processuais em muitos casos.
  • Menos Burocracia: O trâmite é mais simples e direto.
  • Preservação da Relação: Em muitos casos, ajuda a manter um bom relacionamento entre empregado e empregador, especialmente em empresas menores.
  • Segurança Jurídica: Uma vez homologado, o acordo confere segurança às partes sobre o que foi pactuado.

Importância da Assessoria Jurídica:

Apesar de ser uma via mais simples, é sempre recomendável que as partes busquem orientação de um advogado trabalhista para a elaboração e homologação do acordo extrajudicial. Um profissional poderá analisar os direitos envolvidos, garantir que o acordo esteja em conformidade com a lei e proteger os interesses de ambas as partes, evitando cláusulas ambíguas ou prejudiciais.

Em suma, o artigo 882 da CLT oferece uma ferramenta valiosa para a solução pacífica de conflitos trabalhistas, incentivando o diálogo e a autonomia das partes na busca por soluções amigáveis e eficazes.