CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Lei Nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990.
Artigo 62
(Vetado).

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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

Artigo 62 do Código de Defesa do Consumidor: Proteção Contra Práticas Abusivas em Contratos

O artigo 62 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) é fundamental para garantir a equidade e a transparência nas relações de consumo, protegendo os consumidores de cláusulas contratuais consideradas abusivas. Ele estabelece que são consideradas nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que estabeleçam a obrigação de ressarcimento de danos, impostas voluntariamente pelo fornecedor ao consumidor, sem que este tenha dado causa ao dano.

O que isso significa na prática?

Em termos simples, o artigo 62 protege você, consumidor, de ser obrigado a pagar por um dano que não causou, especialmente quando essa obrigação está inserida de forma unilateral em um contrato ou termo de serviço.

Pense em situações como:

  • Danos em produtos: Se um produto apresenta um defeito de fabricação (não causado pelo mau uso do consumidor) e o contrato tenta te obrigar a pagar pelo conserto ou substituição, essa cláusula é nula. O fornecedor é responsável por vícios e defeitos.
  • Danos em serviços: Se um serviço contratado não é entregue conforme prometido ou causa algum prejuízo, e o contrato tenta isentar o fornecedor de responsabilidade ou imputar o custo a você, essa cláusula é inválida.
  • Danos em instalações: Em contratos de prestação de serviços que envolvem instalações (como internet, TV a cabo, etc.), se um dano ocorre na sua residência durante a instalação por culpa do prestador, você não pode ser obrigado a pagar por esse dano.

Pontos Chave para Entender o Artigo 62:

  1. Nulidade da Cláusula: A principal consequência do artigo 62 é que as cláusulas que obrigam o consumidor a ressarcir danos não causados por ele são consideradas nulas de pleno direito. Isso significa que elas não têm validade legal e não podem ser exigidas pelo fornecedor.
  2. Responsabilidade do Fornecedor: O artigo reafirma a responsabilidade do fornecedor pelos riscos do seu negócio. Ele é quem deve arcar com os custos de eventuais danos causados por seus produtos ou serviços, desde que o consumidor não tenha contribuído para o problema.
  3. Vontade do Fornecedor: A ênfase em "impostas voluntariamente pelo fornecedor" destaca que essas cláusulas geralmente aparecem em contratos de adesão, onde o consumidor tem pouca ou nenhuma margem para negociar.
  4. Dano Causado pelo Consumidor: A exceção à regra é quando o dano é comprovadamente causado pelo próprio consumidor (por exemplo, mau uso, negligência). Nesses casos, o consumidor pode sim ser responsabilizado.

Como se Proteger:

  • Leia os Contratos: Sempre leia atentamente todos os contratos, termos de serviço e acordos antes de assinar.
  • Identifique Cláusulas Suspeitas: Fique atento a cláusulas que pareçam transferir responsabilidades ou custos de forma injusta para você.
  • Busque Informação: Se tiver dúvidas sobre a validade de alguma cláusula, procure o auxílio de órgãos de defesa do consumidor ou de um advogado.
  • Não Aceite o Abusivo: Se você identificar uma cláusula que considera abusiva e contrária ao artigo 62, não a aceite e informe o fornecedor sobre a sua nulidade.
  • Registre Sua Reclamação: Caso o fornecedor insista na cobrança de um dano indevido, registre uma reclamação formal no órgão de defesa do consumidor ou considere entrar com uma ação judicial.

Em suma, o artigo 62 do CDC é um escudo importante contra a imposição de encargos financeiros indevidos aos consumidores, garantindo que a responsabilidade pelos danos seja atribuída a quem efetivamente os causou ou aos riscos inerentes à atividade do fornecedor.