CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 784
Não se inclui na garantia o sinistro provocado por vício intrínseco da coisa segurada, não declarado pelo segurado.
Parágrafo único. Entende-se por vício intrínseco o defeito próprio da coisa, que se não encontra normalmente em outras da mesma espécie.


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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

O Título Executivo Extrajudicial: O Que Significa e Como Funciona

O artigo 784 do Código Civil trata de um conceito fundamental no direito processual civil: o título executivo extrajudicial. Em termos simples, ele define quais documentos, por si só, possuem força legal suficiente para iniciar um processo de execução, permitindo que o credor exija o cumprimento de uma obrigação do devedor sem a necessidade de um processo judicial prévio para provar a existência da dívida.

Pense no título executivo extrajudicial como uma "ordem judicial antecipada". Ele economiza tempo e recursos ao permitir que o credor vá direto ao ponto: buscar a satisfação de seu crédito.

O Que São os Títulos Executivos Extrajudiciais?

O artigo 784 elenca de forma taxativa (ou seja, são apenas estes e nenhum outro, a menos que a lei assim determine de forma expressa) os documentos que possuem essa característica. A lista é extensa e abrange diversas situações, mas podemos agrupá-los em algumas categorias principais:

  • Documentos Fundados em Relações Contratuais e Obrigacionais:

    • Cheque e a Nota Promissória: São títulos de crédito clássicos, que representam uma promessa de pagamento.
    • Duplicata: Um título específico para operações comerciais, vinculado a uma nota fiscal.
    • Cédula de Crédito Bancário: Documento emitido por instituições financeiras para formalizar empréstimos e financiamentos.
    • Contrato Assinado por Duas Testemunhas: Um contrato particular, como um aluguel ou um empréstimo entre particulares, que se torna um título executivo se tiver a assinatura de duas testemunhas. Isso confere uma maior segurança jurídica ao documento.
    • Escritura Pública: Um documento formalizado por um tabelião, que possui fé pública e é amplamente utilizado em transações imobiliárias e outras.
    • Instrumento de Transação Ratificado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pela Procuradoria e pelos órgãos de conciliação e mediação: Acordos formalizados e homologados por órgãos oficiais, que visam resolver litígios de forma extrajudicial.
  • Documentos Relacionados a Obrigações Específicas:

    • Acordo Extrajudicial: Contratos firmados entre as partes que não exigem homologação judicial, desde que contenham os requisitos legais.
    • Sentença Estrangeira Homologada: Decisões judiciais de outros países que foram reconhecidas e validadas pela Justiça brasileira.
    • Sentença Arbitral: Decisões proferidas em procedimentos de arbitragem, que são uma alternativa ao Judiciário para a resolução de conflitos.
  • Outros Documentos Previstos em Lei:

    • O artigo 784 também ressalta que a lei pode, em outros casos, determinar que outros documentos sejam considerados títulos executivos extrajudiciais. É importante estar atento às legislações específicas que tratam de temas como agronegócio, por exemplo.

Por Que o Título Executivo Extrajudicial é Importante?

A importância do título executivo extrajudicial reside em sua capacidade de conferir celeridade e efetividade à satisfação de créditos. Ao possuir um desses documentos, o credor:

  1. Evita a Fase de Conhecimento: Não precisa provar a existência da dívida em um processo judicial longo e complexo. A lei já presume que o título é válido e que a obrigação existe.
  2. Inicia a Execução Diretamente: Pode requerer ao juiz medidas coercitivas para forçar o devedor a cumprir a obrigação, como penhora de bens, bloqueio de contas bancárias, entre outras.
  3. Economiza Tempo e Recursos: Reduz custos com advogados e a morosidade inerente a processos de conhecimento.

Em Resumo

O artigo 784 do Código Civil é um pilar do direito executivo, estabelecendo um rol de documentos que, por sua própria natureza e formalização, possuem a força de um título executivo extrajudicial. Conhecer esses documentos é fundamental para credores que buscam garantir seus direitos de forma mais rápida e eficiente, e para devedores que precisam estar cientes das consequências de não honrar suas obrigações quando formalizadas por esses instrumentos. A existência e a correta utilização desses títulos contribuem para a segurança jurídica e a agilidade do sistema de justiça.