Resumo Jurídico
O Poder do Juiz na Execução de Alimentos: Desvendando o Artigo 528 do Código Civil
O artigo 528 do Código Civil estabelece um conjunto de medidas coercitivas à disposição do juiz para garantir o cumprimento das obrigações alimentares, ou seja, o sustento de dependentes, como filhos, ex-cônjuges ou pais. Seu principal objetivo é assegurar que aqueles que necessitam de auxílio financeiro para sua subsistência o recebam de forma efetiva.
Como funciona a cobrança de alimentos?
A dívida alimentar, por sua natureza, exige uma atenção especial do sistema judiciário. Diferente de outras dívidas, a falta de pagamento pode comprometer diretamente a dignidade e a sobrevivência do alimentando. Por isso, o artigo 528 prevê um procedimento especial e mais célere para sua cobrança.
Quando o devedor de alimentos (quem deve pagar) não cumpre com suas obrigações, o credor (quem tem direito a receber) pode ingressar com um pedido de execução de alimentos. Nesse processo, o juiz poderá determinar uma série de medidas para forçar o pagamento.
As principais ferramentas à disposição do juiz são:
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Prisão Civil: Esta é a medida mais drástica prevista no artigo. O juiz pode decretar a prisão do devedor por um período de um a três meses. Essa prisão tem caráter de coação, ou seja, visa forçar o devedor a pagar a dívida, e não tem caráter de punição criminal. O pagamento da dívida ou a comprovação de impossibilidade absoluta de fazê-lo pode levar à soltura. É importante ressaltar que a prisão civil por dívida alimentar é uma exceção e só é aplicada quando as demais medidas se mostram ineficazes.
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Penhora de Bens: O juiz pode determinar a apreensão e venda de bens do devedor para satisfazer o crédito alimentar. Isso pode incluir salários (com limites legais), contas bancárias, imóveis, veículos, entre outros bens.
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Protesto: Em casos mais extremos, o nome do devedor pode ser protestado, o que afeta sua reputação e capacidade de crédito.
Quem pode ser cobrado?
O artigo 528 se aplica a todas as modalidades de obrigação alimentar reconhecidas em lei, sejam elas definidas em acordo judicial ou extrajudicial, ou mesmo em decisão liminar.
A importância da comprovação da incapacidade:
É fundamental que o devedor, caso esteja em uma situação que o impossibilite de pagar os alimentos (como desemprego comprovado ou doença grave), apresente essa justificativa ao juiz. O sistema busca o equilíbrio, mas também a justiça, e reconhece que nem sempre o pagamento é possível. No entanto, a simples alegação não basta; é preciso provar a impossibilidade.
Em suma:
O artigo 528 do Código Civil confere ao juiz um leque de poderes para assegurar o direito fundamental ao sustento. Através de medidas como a prisão civil, a penhora de bens e o protesto, o legislador buscou garantir a efetividade da prestação alimentar, protegendo aqueles que dependem desse auxílio para sobreviver com dignidade. A aplicação dessas medidas, contudo, é feita com cautela, sempre buscando o adimplemento da obrigação e a proteção do alimentando.