CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 504
Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.


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Resumo Jurídico

Compra e Venda de Imóvel: A Proteção do Cônjuge no Artigo 504 do Código Civil

O artigo 504 do Código Civil estabelece uma importante regra para a proteção do patrimônio familiar quando se trata da venda de um bem imóvel indivisível, do qual um dos cônjuges é coproprietário. Essa norma visa evitar que um dos proprietários venda a sua parte do imóvel sem o consentimento do outro, especialmente quando a divisão física do bem não é possível.

O que diz a Lei?

Em termos simples, a lei determina que um condômino (aquele que possui uma fração de um bem em comum com outra pessoa) não pode vender a sua parte indivisível de um imóvel para um terceiro estranho à copropriedade, sem antes oferecer essa parte ao outro condômino.

O Direito de Preferência do Coproprietário

Essa disposição legal garante ao outro coproprietário um direito de preferência. Isso significa que ele tem a prioridade na aquisição daquela fração do imóvel, em igualdade de condições com um eventual interessado externo. O condômino que deseja vender sua parte deve, obrigatoriamente, notificar o outro coproprietário sobre a intenção de venda e as condições propostas pelo terceiro.

Como Funciona na Prática?

Imagine que você e seu cônjuge são donos de um apartamento em copropriedade, e esse apartamento não pode ser fisicamente dividido. Se você desejar vender a sua metade para uma pessoa que não seja o seu cônjuge, a lei exige que você primeiro ofereça essa sua metade ao seu cônjuge. Ele terá o direito de comprá-la pelo mesmo preço e nas mesmas condições oferecidas pelo terceiro.

O Que Acontece se a Lei Não For Cumprida?

Caso o condômino vendedor ignore essa regra e venda a sua parte para um terceiro sem oferecer previamente ao coproprietário, a lei prevê uma consequência: o condômino preterido (aquele que teve seu direito de preferência violado) pode haver para si a parte vendida, depositando o preço que o terceiro pagou. Ou seja, ele tem o direito de "buscar para si" a parte que foi vendida indevidamente.

Para exercer esse direito, o condômino preterido tem um prazo decadencial de 180 dias a contar da data em que teve ciência da venda. É fundamental que ele deposite judicialmente o preço pago pelo terceiro para que o negócio realizado com o estranho à copropriedade seja desfeito em seu favor.

Objetivo da Norma

O principal objetivo do artigo 504 é:

  • Proteger a família: Evitar a entrada de estranhos no convívio familiar dentro de um imóvel que já é compartilhado por parentes ou cônjuges, especialmente em situações onde a convivência pode se tornar tensa.
  • Preservar a indivisibilidade do bem: Manter a integridade do patrimônio familiar quando a divisão física não é viável.
  • Evitar litígios: Reduzir conflitos desnecessários, dando ao condômino a chance de resolver a situação de forma amigável e legal.

Considerações Importantes

  • Imóvel Indivisível: A regra se aplica a bens imóveis que não podem ser divididos fisicamente.
  • Copropriedade: Ambos os condôminos precisam ser donos de uma fração do mesmo bem.
  • Venda a Terceiro: A proibição se refere à venda para alguém que não seja o outro coproprietário. A venda entre os próprios coproprietários, sem envolver terceiros, não se enquadra nesta regra.
  • Prazo para Exercício do Direito: O condômino preterido tem um prazo para agir. É crucial estar atento aos 180 dias.

Em suma, o artigo 504 do Código Civil é um instrumento legal que visa garantir a paz e a segurança patrimonial no âmbito familiar, estabelecendo um direito de preferência na venda de bens imóveis indivisíveis para evitar a entrada de estranhos em copropriedades.