CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 4
São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)


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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

Interpretação e Aplicação da Lei: O Artigo 4º do Código Civil

O artigo 4º do Código Civil estabelece um princípio fundamental para a interpretação e aplicação das leis no ordenamento jurídico brasileiro. Ele determina que quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Vamos desmistificar cada um desses elementos:

Analogia: Onde Não Há Lei, Buscamos Semelhanças

A analogia é uma ferramenta jurídica poderosa que permite ao juiz aplicar uma lei existente a um caso que, à primeira vista, não está expressamente previsto nela. Isso ocorre quando o caso em questão apresenta semelhanças significativas com outro caso que a lei regula.

  • Como funciona: O juiz busca uma norma legal que regule uma situação semelhante e, identificando a razão de ser dessa norma (o ratio legis), estende sua aplicação ao caso omisso. É como encontrar um "remédio" legal que, por ser parecido, pode curar o "problema" novo.

  • Exemplo didático: Imagine uma lei que proíbe o tráfego de veículos motorizados em um parque para evitar poluição. Se surgirem bicicletas elétricas, que também podem gerar algum tipo de impacto, o juiz pode usar a analogia para aplicar as proibições da lei, pois há semelhança na finalidade de proteger o parque.

Costumes: A Tradição e a Prática Social como Fonte de Direito

Os costumes são práticas reiteradas e aceitas pela sociedade como regras de conduta. Eles representam um direito não escrito, que se consolida pela observância geral e constante.

  • Como funcionam: Quando uma determinada prática social é seguida por um longo período, de forma uniforme e com a convicção de sua obrigatoriedade, ela pode ser considerada um costume jurídico. Para que um costume seja aplicado, ele deve ser comprovado e não pode contrariar a lei.

  • Exemplo didático: Em algumas regiões, pode existir o costume de que a dívida de aluguel seja paga sempre no quinto dia útil do mês. Se não houver disposição legal específica sobre a data exata de vencimento em um contrato, esse costume pode ser considerado.

Princípios Gerais de Direito: A Base de Tudo

Os princípios gerais de direito são os valores e ideias fundamentais que norteiam todo o ordenamento jurídico. São as regras mais básicas e amplas, que inspiram e dão sentido às normas específicas.

  • Como funcionam: Eles servem como um norte para o juiz, especialmente em situações de lacunas legais. São aqueles ensinamentos que decorrem da ordem jurídica em seu conjunto e servem para preencher vazios ou orientar a interpretação das normas.

  • Exemplos didáticos:

    • Princípio da boa-fé: A exigência de que as pessoas ajam com honestidade e lealdade em suas relações jurídicas.
    • Princípio da dignidade da pessoa humana: O reconhecimento do valor intrínseco de cada indivíduo.
    • Princípio da isonomia: A igualdade de todos perante a lei.

A Importância do Artigo 4º

Este artigo é crucial porque garante que o sistema jurídico seja dinâmico e capaz de se adaptar a novas realidades. Ele impede que a falta de uma lei específica impeça a solução de um conflito, assegurando que a justiça seja alcançada com base em um raciocínio lógico e fundamentado em valores sociais e jurídicos consolidados. Em suma, o artigo 4º do Código Civil confere ao juiz a capacidade de criar direito, de forma fundamentada, quando a lei não chega.