CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 343
As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.

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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

A Confissão e a Prova Testemunhal no Direito Civil

O artigo 343 do Código Civil brasileiro aborda um aspecto crucial do processo judicial: a confissão e o seu papel como prova, bem como as nuances de quando ela pode ser influenciada pela prova testemunhal.

O Que é Confissão?

Em termos jurídicos, a confissão é o reconhecimento da verdade de um fato, formulado por uma das partes em juízo, desfavorável a si e favorável à parte contrária. É um ato que, em regra, possui grande força probatória, pois a própria parte admitindo algo que lhe prejudica confere uma forte credibilidade à alegação adversa.

A Confissão e a Prova Testemunhal: Uma Relação Delicada

O artigo em questão estabelece uma regra importante sobre a divisibilidade da confissão:

  • Regra Geral: Indivisibilidade da Confissão

    Em regra, a confissão é indivisível. Isso significa que a parte que a faz não pode admitir um fato que lhe é desfavorável e, ao mesmo tempo, invocar outro fato conexo (ligado ao primeiro) que anule ou modifique o efeito prejudicial da confissão. Se a confissão contém partes desfavoráveis e favoráveis, a parte que a produziu não pode querer que o juiz considere apenas a parte desfavorável para prejudicar o adversário e ignore a parte favorável.

    Por exemplo, se alguém confessa dever um valor, mas alega simultaneamente que já pagou parte dessa dívida, não pode a confissão ser dividida para que o juiz reconheça a dívida (desfavorável ao devedor) e ignore o pagamento parcial (favorável ao devedor). A confissão deve ser apreciada em sua totalidade.

  • Exceção: A Influência da Prova Testemunhal

    O parágrafo único do artigo introduz uma exceção a essa regra da indivisibilidade. A confissão, mesmo que feita por uma das partes, pode ser considerada divisível se a prova testemunhal introduzir fatos novos e que possam alterar a compreensão da confissão feita.

    Ou seja, se a confissão de uma parte, por si só, parece gerar um resultado desfavorável, mas depoimentos de testemunhas trazem informações que, conectadas à confissão, modificam a realidade dos fatos, o juiz poderá analisar a confissão de forma ponderada, levando em conta o conjunto probatório.

    Um exemplo seria: uma parte confessa ter recebido um determinado valor. Sozinho, isso poderia indicar um empréstimo. No entanto, se testemunhas depõem que esse valor foi um presente, essa prova testemunhal, ao trazer um novo contexto, pode "dividir" a confissão, permitindo que o juiz a interprete como um presente, e não como um empréstimo devido.

Em Resumo:

O artigo 343 do Código Civil protege a integridade da confissão como meio de prova, impedindo que uma parte selecione apenas os trechos que lhe convêm. No entanto, reconhece que a verdade dos fatos pode ser complexa e que outras provas, especialmente a testemunhal, podem fornecer elementos que levem o juiz a uma análise mais aprofundada e, em alguns casos, a uma interpretação que "divida" a confissão para alcançar a justiça. O objetivo é garantir que a decisão judicial seja baseada em uma compreensão completa e fiel da realidade dos fatos.