CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 304
Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.


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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

O Falsário e Suas Consequências: Entendendo o Artigo 304 do Código Civil

O artigo 304 do Código Civil trata de uma situação específica relacionada à falsidade documental e suas consequências jurídicas. Em termos simples, ele estabelece o que acontece quando alguém se apropria, em benefício próprio ou alheio, de um documento público ou particular que sabe ser falso, ou seja, que foi adulterado ou criado com o intuito de enganar.

O Que Significa "Apropriação Indevida" de Documento Falso?

A "apropriação" aqui não se refere a um roubo físico do documento. Significa utilizá-lo, apresentá-lo, fazer valer seus efeitos, como se fosse legítimo. Imagine que alguém receba uma certidão de nascimento com dados alterados para parecer mais velho, e então apresente essa certidão para provar ter idade suficiente para um determinado fim. Essa é uma forma de apropriação indébita de um documento falso.

A Condição Fundamental: O Conhecimento da Falsidade

Um ponto crucial para a aplicação deste artigo é que a pessoa que se apropria do documento deve ter pleno conhecimento de que ele é falso. Se alguém, de boa-fé, recebe e utiliza um documento que não sabe ser falsificado, não estará sujeito às penalidades previstas neste artigo. A intenção de enganar é um elemento essencial.

Consequências Jurídicas: O Que Diz a Lei?

O artigo 304 deixa claro que a apropriação de documento falso configura um crime. Ele prevê que o agente será punido como se fosse o autor da falsidade. Isso significa que as consequências legais para quem se apropria de um documento falso são as mesmas daquelas para quem fabricou ou alterou o documento de forma fraudulenta.

  • Na esfera penal: A pessoa pode responder criminalmente por falsidade documental, o que geralmente implica em sanções como detenção ou reclusão, além de multa, dependendo da gravidade e do tipo de documento falsificado (público ou particular).
  • Na esfera civil: Além das implicações criminais, a utilização de um documento falso pode gerar danos a terceiros. Nesses casos, a pessoa que se beneficiou da falsidade pode ser obrigada a reparar esses danos, arcando com os prejuízos causados.

Exemplo Prático:

Suponha que alguém obtenha uma escritura pública de compra e venda de um imóvel com um nome diferente do proprietário real, e subsequentemente utilize essa escritura para tentar registrar a propriedade em seu nome. Se for comprovado que essa pessoa sabia da falsidade da escritura e a utilizou para se beneficiar, ela responderá pelo crime de falsidade documental, com as mesmas penas de quem forjou a escritura, e poderá ser obrigada a ressarcir o verdadeiro proprietário pelos prejuízos.

Em resumo, o artigo 304 do Código Civil visa proteger a fé pública e a segurança jurídica, punindo rigorosamente aqueles que, cientes da falsidade de um documento, se valem dele para obter vantagens indevidas, equiparando suas punições às de quem cometeu a falsidade em si.