CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 807
O disposto no artigo anterior não obstará à faculdade atribuída ao juiz de determinar de ofício inquirição de testemunhas ou outras diligências.

806
ARTIGOS
808
 
 
 
Resumo Jurídico

Artigo 807 do Código de Processo Penal: A Irregularidade que Não Impede o Processo

O artigo 807 do Código de Processo Penal (CPP) trata de uma situação específica: a ausência de nomeação de defensor dativo para o réu, seja por falta de advogado constituído ou por sua inércia. Em outras palavras, quando o acusado não tem um advogado para representá-lo e o juiz não providencia a nomeação de um defensor público ou de um profissional particular para atuar no caso.

O que diz o artigo 807 do CPP?

Este artigo estabelece que a ausência de nomeação de defensor dativo não acarretará nulidade processual. Isso significa que, mesmo que o réu não tenha tido um defensor nomeado em algum momento do processo, isso por si só não invalida os atos já praticados.

Implicações e Contexto Jurídico:

  • Garantia Constitucional: É fundamental lembrar que a Constituição Federal garante o direito à ampla defesa e ao contraditório. A ausência de um defensor é uma afronta direta a esses princípios.
  • Princípio da Instrumentalidade das Formas: O direito processual penal moderno adota o princípio da instrumentalidade das formas. Isso significa que a nulidade de um ato só deve ser declarada quando a irregularidade causa um prejuízo efetivo à parte. A ausência de defensor, por si só, não gera automaticamente um prejuízo.
  • Onde o Artigo 807 se Aplica: Este artigo se torna relevante em situações onde, apesar da falha na nomeação do defensor dativo, o réu efetivamente teve quem o defendesse (por exemplo, um advogado constituído que posteriormente renunciou sem ser substituído e o juiz não nomeou outro) ou quando a ausência de defensor não impediu a produção de provas ou a manifestação da defesa de forma adequada.
  • Situações de Nulidade: É importante ressaltar que o artigo 807 não significa que a ausência de defensor seja irrelevante. Se a falta de um defensor dativo realmente prejudicou o réu em sua defesa (por exemplo, se ele não teve a oportunidade de apresentar provas, de se manifestar sobre documentos, ou se a ausência de defesa técnica levou a uma condenação indevida), o processo poderá ser anulado. Nesse caso, a nulidade não decorrerá da mera ausência de nomeação, mas sim do prejuízo efetivo gerado.
  • Dever do Juiz: Mesmo com o Artigo 807, o juiz possui o dever de garantir a defesa do réu. A nomeação de defensor dativo é uma providência que deve ser tomada para assegurar o pleno exercício da ampla defesa. A aplicação do artigo 807 ocorre em circunstâncias específicas onde, apesar da omissão, o prejuízo não se concretizou.

Em resumo:

O Artigo 807 do CPP estabelece que a falha na nomeação de um defensor dativo, isoladamente, não torna o processo nulo. Contudo, a ausência de defesa técnica pode, sim, levar à anulação do processo se comprovado que tal ausência causou um prejuízo concreto e efetivo à defesa do acusado, violando os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.