CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 79
A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;

II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.

§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.

§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.


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Resumo Jurídico

Artigo 79 do Código de Processo Penal: A Importância da Competência no Processo Criminal

O artigo 79 do Código de Processo Penal (CPP) estabelece as regras fundamentais para determinar a competência do juízo em casos criminais. Em termos simples, ele define qual juiz ou tribunal tem o poder e a obrigação de julgar um determinado crime. Compreender este artigo é crucial para garantir a correta aplicação da justiça e evitar nulidades processuais.

A Regra Geral: O Local da Infrafracação

A regra primordial, presente no caput do artigo 79, determina que a competência, em regra, será definida pelo local onde o crime foi cometido. Este princípio, conhecido como forum delicti comissi, visa facilitar a produção de provas, a oitiva de testemunhas e a condução do inquérito policial, uma vez que o juízo mais próximo do local do crime terá maior facilidade em reunir todos os elementos necessários para a investigação e o julgamento.

Desdobramentos e Exceções: Quando a Regra Geral Pode Ser Afastada

Contudo, o artigo 79 não se limita a essa regra geral e prevê situações específicas em que a competência pode ser deslocada. Essas exceções são importantes para assegurar a efetividade da justiça em circunstâncias mais complexas:

  • Quando for desconhecido o lugar da infração: Caso não seja possível determinar onde o crime ocorreu, a competência será definida pelo juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. Isso garante que o processo não fique paralisado pela incerteza geográfica.

  • Nos crimes tentados, quando o último ato de execução for praticado em território nacional: Para crimes que não se consumaram, mas houve o início de sua execução, a competência recai sobre o juízo do local onde o agente praticou o último ato voltado à concretização do crime.

  • Nos crimes em que o agente for domiciliado ou residir em lugar diverso do da infração: Neste cenário, a competência pode ser deslocada para o foro do domicílio ou residência do réu. Essa disposição visa facilitar a defesa do acusado, aproximando o processo de seu local de moradia e, consequentemente, de seus meios de prova e de suporte.

  • Nos crimes de quadrilha ou bando: Quando o crime for cometido por um grupo organizado, a competência será do juiz do local da prática de qualquer um dos crimes cometidos pela quadrilha. Isso evita a fragmentação do processo e permite uma análise conjunta das ações delituosas.

  • Nos crimes cometidos fora do território nacional, mas que aqui devam produzir efeitos: Em casos de crimes praticados no exterior, mas que gerem consequências em território brasileiro, a competência será do juiz do local em que se produzir ou deva produzir-se o resultado.

  • Nos crimes de falsidade, quando a falsificação e o uso do documento forem desconhecidos: Se for impossível determinar onde ocorreu a falsificação e onde o documento falso foi utilizado, a competência será do juiz do local em que o documento for encontrado.

A Importância da Definição Correta da Competência

A correta aplicação do artigo 79 é fundamental para:

  • Garantir o devido processo legal: A violação das regras de competência pode levar à nulidade de todos os atos processuais praticados, gerando insegurança jurídica e a necessidade de reinício do processo.
  • Facilitar a produção de provas: Como mencionado, o local da infração geralmente oferece melhores condições para a coleta de evidências.
  • Assegurar o direito de defesa: A aproximação do processo ao local de residência do réu, em algumas hipóteses, auxilia em sua defesa.
  • Agilizar a prestação jurisdicional: A clareza na definição de qual juízo deve atuar evita conflitos de competência e acelera o andamento do processo.

Em suma, o artigo 79 do CPP estabelece um sistema robusto para determinar a competência no processo criminal, priorizando o local da infração, mas prevendo exceções inteligentes para lidar com as diversas e complexas realidades criminais. Sua correta interpretação e aplicação são pilares para a justiça criminal.