CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 336
O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, se o réu for condenado. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso da prescrição depois da sentença condenatória ( art. 110 do Código Penal ). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).


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Resumo Jurídico

Artigo 336 do Código de Processo Penal: A Importância da Fundamentação das Decisões

O artigo 336 do Código de Processo Penal (CPP) estabelece um princípio fundamental para a validade e a justiça do processo penal: a obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais. Em termos simples, este artigo determina que toda decisão proferida pelo juiz, seja ela interlocutória (que resolve uma questão durante o processo) ou definitiva (que encerra o processo), deve ser acompanhada de uma justificativa clara e compreensível.

Por que a Fundamentação é Crucial?

A exigência de que as decisões sejam fundamentadas serve a diversos propósitos essenciais para o Estado Democrático de Direito:

  • Garantia de Controle e Revisão: Ao expor os motivos que levaram à sua conclusão, o juiz permite que as partes envolvidas (acusação e defesa) e os tribunais superiores compreendam o raciocínio utilizado. Isso viabiliza a análise da correção da decisão e, se necessário, a interposição de recursos para sua reforma. Sem fundamentação, seria impossível questionar uma decisão de forma eficaz.

  • Legitimidade da Atuação Judicial: A fundamentação confere legitimidade às decisões judiciais. Quando um juiz explica o porquê de sua decisão, demonstra que ela não é arbitrária, mas sim o resultado de uma análise cuidadosa das provas e do direito aplicável ao caso. Isso aumenta a confiança da sociedade no Poder Judiciário.

  • Proteção contra o Arbítrio: A ausência de fundamentação abriria espaço para decisões baseadas em convicções pessoais, pressões externas ou até mesmo em intenções ocultas. A fundamentação atua como um freio contra o arbítrio judicial, assegurando que os magistrados atuem dentro dos limites da lei.

  • Educação Jurídica e Social: As decisões fundamentadas servem como material de estudo e reflexão para advogados, estudantes de direito e até mesmo para o público em geral. Elas ilustram a aplicação das leis aos fatos concretos, contribuindo para a disseminação do conhecimento jurídico e a compreensão do funcionamento da justiça.

O que Deve Conter uma Decisão Fundamentada?

Embora o artigo 336 não detalhe exaustivamente o conteúdo de uma fundamentação, a doutrina e a jurisprudência entendem que ela deve conter:

  1. Exposição dos Fatos Relevantes: O juiz deve apresentar de forma concisa os fatos que foram considerados como determinantes para a sua decisão.
  2. Análise das Provas: A decisão deve demonstrar como as provas produzidas no processo foram valoradas e como elas contribuíram para a formação do convencimento judicial.
  3. Aplicação do Direito: O juiz deve explicitar as normas jurídicas (leis, princípios, jurisprudência) que embasaram sua conclusão.
  4. Conclusão Clara e Precisa: A decisão final deve ser expressa de forma inequívoca.

Consequências da Falta de Fundamentação

A falta de fundamentação adequada pode levar à nulidade da decisão. Isso significa que a decisão será considerada inválida e não produzirá efeitos jurídicos, podendo ser substituída por outra que atenda aos requisitos legais.

Em suma, o artigo 336 do CPP é um pilar do processo penal, garantindo que as decisões judiciais sejam transparentes, justificadas e passíveis de controle, assegurando, assim, a justiça e a previsibilidade do sistema.