CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 307
Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto.

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Resumo Jurídico

Artigo 307 do Código de Processo Penal: A Importância da Identidade do Acusado

O artigo 307 do Código de Processo Penal (CPP) trata de um aspecto fundamental no desenvolvimento de um processo criminal: a correta identificação do acusado. Sua principal finalidade é garantir que a pessoa que está sendo formalmente acusada e submetida a um processo judicial seja realmente quem se alega ser, evitando equívocos que possam comprometer a justiça.

Em essência, o artigo estabelece o seguinte:

  • O juiz deverá proceder ao interrogatório do acusado, a fim de que este possa se defender. No entanto, antes de iniciar o interrogatório, o juiz tem a obrigação de proceder à sua identificação.
  • A identificação do acusado não se limita a verificar apenas seu nome e qualificações (endereço, profissão, etc.). Ela vai além, buscando confirmar a identidade civil da pessoa. Isso significa que o juiz deve verificar se o indivíduo que está sendo interrogado é, de fato, a pessoa contra quem o processo foi instaurado.
  • Caso haja dúvida sobre a identidade do acusado, o juiz deverá proceder a um exame de corpo de delito. Este exame, conhecido como exame de corpo de delito, é um procedimento pericial que utiliza meios científicos para comprovar a existência de vestígios de uma infração penal. No contexto do artigo 307, ele servirá para confirmar ou refutar a identidade da pessoa.
  • Se a dúvida persistir mesmo após o exame de corpo de delito, ou se este não for possível, o juiz determinará as diligências que entender necessárias para esclarecer a verdade. Isso demonstra a flexibilidade da lei em buscar todos os meios possíveis para sanar qualquer incerteza quanto à identidade do acusado.
  • A identificação correta é crucial para a validade do processo. Se um processo tramitar contra uma pessoa errada, todas as suas etapas posteriores, incluindo a sentença, podem ser declaradas nulas. Isso ocorre porque o direito de defesa é individual e intransferível.

Por que este artigo é importante?

  1. Garantia do Direito de Defesa: A defesa é um direito fundamental do acusado. Para exercê-la plenamente, é essencial que a pessoa saiba que está sendo acusada e tenha a oportunidade de se manifestar. Se a identidade estiver equivocada, a pessoa correta pode ter seu nome manchado por um crime que não cometeu, enquanto o verdadeiro culpado pode permanecer impune.
  2. Prevenção de Erros Judiciários: Um dos maiores temores do sistema de justiça é a ocorrência de erros judiciários. A identificação precisa do acusado é um dos primeiros e mais importantes filtros para evitar que inocentes sejam condenados ou que processos sejam conduzidos contra pessoas indevidas.
  3. Segurança Jurídica: Ao estabelecer procedimentos claros para a identificação, o artigo 307 contribui para a segurança jurídica, garantindo que os processos sigam um rito estabelecido e que as decisões judiciais sejam baseadas em informações concretas e verificadas.

Em suma, o artigo 307 do CPP é uma norma de proteção ao cidadão e um pilar essencial para a correta aplicação da justiça penal, assegurando que o processo judicial se desenvolva contra o indivíduo correto e que o direito de defesa seja efetivamente garantido.