CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 22
No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição.

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ARTIGOS
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Resumo Jurídico

O Que Significa "Provas Ilícitas" no Processo Penal?

O artigo 22 do Código de Processo Penal trata de um tema fundamental para a justiça: a validade das provas obtidas em um processo criminal. Em termos simples, ele estabelece que as provas que violam a lei ou as regras estabelecidas para a sua obtenção não poderão ser utilizadas no processo.

Por que isso é importante?

Imagine que a polícia, para obter uma confissão de um suspeito, o torture. Essa confissão, obtida através da violência, seria uma prova "ilícita". O artigo 22 diz claramente que essa confissão, por ter sido obtida de forma ilegal, não pode ser usada para condenar alguém.

Em outras palavras:

  • Não vale o que é obtido de forma errada: Qualquer prova que seja coletada desrespeitando a lei, como invasão de domicílio sem mandado, interceptação telefônica ilegal ou tortura, é considerada "ilícita".
  • Lixo não se aproveita: O artigo 22 também aplica a chamada "teoria dos frutos da árvore envenenada". Isso significa que não apenas a prova obtida ilegalmente é inválida, mas também qualquer outra prova que tenha sido descoberta por causa dessa prova ilícita. Se, por exemplo, a confissão obtida por tortura leva a polícia a encontrar uma arma, essa arma também será considerada ilícita.
  • Protegendo os direitos do cidadão: A razão por trás dessa regra é proteger os direitos fundamentais de cada indivíduo. O Estado, ao conduzir uma investigação ou um julgamento, deve seguir regras claras para garantir que ninguém seja condenado com base em informações obtidas de forma desrespeitosa com a dignidade humana e a lei.

Exemplos de Provas Ilícitas:

  • Interceptações telefônicas ou telemáticas sem autorização judicial.
  • Buscas e apreensões realizadas sem mandado judicial, em locais onde a lei exige essa autorização.
  • Confissões obtidas mediante tortura, coação ou ameaça.
  • Quebra de sigilo bancário ou fiscal sem a devida autorização legal.
  • Depoimentos obtidos de forma irregular, que violem direitos do investigado ou testemunha.

Consequências da Prova Ilícita:

A principal consequência é que a prova ilícita não pode ser usada para fundamentar uma decisão judicial, seja para condenar, absolver ou mesmo para embasar uma medida cautelar (como a prisão preventiva). Em alguns casos, a descoberta de provas ilícitas pode até levar à anulação de todo o processo.

Em resumo, o artigo 22 do Código de Processo Penal é um guardião da legalidade e dos direitos individuais, garantindo que a busca pela verdade no processo penal não se torne um pretexto para violações da lei e da dignidade humana.