CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Lei Nº 13.105, de 16 de Março de 2015.
Artigo 195
O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei.

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Resumo Jurídico

Interpretação do Artigo 195 do Código de Processo Civil: O Limite para a Concessão de Liminares

O Artigo 195 do Código de Processo Civil (CPC) estabelece uma regra fundamental acerca da concessão de medidas urgentes, como as liminares, em ações judiciais. Sua principal função é garantir que, em situações excepcionais que demandam uma decisão rápida, o juiz não avance de forma precipitada, sem que as partes tenham tido a oportunidade de apresentar seus argumentos e provas.

O que o artigo diz, em essência?

Em termos claros, o Artigo 195 do CPC determina que, em regra, o juiz não poderá conceder uma liminar (seja ela uma tutela de urgência antecipada ou cautelar) antes de ouvir a parte contra quem a medida será deferida. Essa "ouvida prévia" é conhecida no meio jurídico como contraditório diferido ou contraditório postecipado.

Por que essa regra é importante?

  1. Garantia do Devido Processo Legal: O princípio do contraditório é um dos pilares do devido processo legal. Significa que ninguém pode ser prejudicado em seus direitos sem ter a chance de se defender, de apresentar suas razões e de refutar as alegações da outra parte. O Artigo 195 protege esse direito.

  2. Evitar Decisões Arbitrárias: Ao exigir que a parte contrária seja ouvida antes da concessão da liminar, o juiz é compelido a analisar com mais cuidado os argumentos de ambas as partes. Isso minimiza o risco de decisões equivocadas ou baseadas apenas em um lado da história.

  3. Segurança Jurídica: A regra contribui para a segurança jurídica, pois estabelece um padrão de conduta para os juízes e cria expectativas nas partes envolvidas no processo.

Exceções à Regra: Quando a Liminar Pode Ser Concedida Imediatamente?

O próprio Artigo 195 prevê situações em que essa regra de ouvir a parte antes pode ser flexibilizada. As exceções são:

  • Perigo de Ineficácia da Medida: Se houver um risco real e iminente de que, ao esperar a manifestação da outra parte, a medida liminar perde sua utilidade ou eficácia. Imagine uma situação em que um bem está prestes a ser destruído ou negociado com terceiros de má-fé; esperar poderia tornar a recuperação do bem impossível.
  • Dano Iminente e de Difícil Reparação: Quando a demora na concessão da liminar pode causar um dano grave e irreparável à parte que a requer. Exemplos incluem situações de saúde urgentes que necessitam de tratamento imediato ou a iminência de uma demolição ilegal.

Como Funciona na Prática?

Quando um pedido de liminar é feito, o juiz pode:

  • Conceder a Liminar sem ouvir a parte: Se ele identificar uma das exceções previstas, proferirá a decisão imediatamente, determinando que a parte contrária seja citada para se manifestar posteriormente e, se for o caso, para apresentar um recurso contra a decisão.
  • Intimar a parte contrária para se manifestar: Em muitos casos, mesmo quando há um pedido de liminar, o juiz pode optar por ouvir a parte contrária antes de decidir, especialmente se as exceções não forem flagrantemente evidentes.
  • Negar a Liminar: Se o juiz entender que não há urgência, perigo ou dano iminente, ou que a parte contrária deve ser ouvida antes, ele poderá negar o pedido de liminar.

Em Resumo:

O Artigo 195 do CPC é um guardião do contraditório. Ele busca equilibrar a necessidade de decisões urgentes com o direito fundamental de defesa. Ao determinar que, em regra, a parte contra quem a liminar será deferida deve ser ouvida, o CPC assegura um processo mais justo e equitativo, permitindo, contudo, a concessão imediata da medida em situações de real e comprovada urgência onde a demora implicaria a ineficácia da própria medida ou um dano irreparável.