Resumo Jurídico
O Supremo Guardião da Constituição: Desvendando o Artigo 102
O Artigo 102 da Constituição Federal estabelece a composição e as competências do Supremo Tribunal Federal (STF), o órgão máximo do Poder Judiciário brasileiro. Sua função primordial é atuar como o guardião da Constituição, assegurando que as leis e os atos normativos estejam em conformidade com os preceitos constitucionais.
Composição e Estrutura
O STF é composto por onze Ministros, escolhidos pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal. Essa escolha visa garantir a alta qualificação técnica e moral dos membros, que atuam em caráter vitalício, com aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade.
Competências Essenciais: A Prisma Constitucional
A grande relevância do Artigo 102 reside em listar as atribuições exclusivas do STF. Entre as mais importantes, destacam-se:
-
Processar e julgar, originariamente:
- Crimes comuns e de responsabilidade: O STF tem a competência para julgar o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional (deputados federais e senadores), seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, quando estes cometerem crimes definidos em lei.
- Crimes: Além das autoridades já mencionadas, o STF julga crimes cometidos por Embaixadores e por autoridades estrangeiras.
- Recursos em mandados de segurança e habeas corpus: O STF atua como instância superior para revisar decisões em casos de violação de direito líquido e certo (mandado de segurança) ou de liberdade de locomoção (habeas corpus).
- Ações de inconstitucionalidade: É aqui que reside uma das funções mais emblemáticas do STF. Ele tem a prerrogativa de julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), que visa declarar a incompatibilidade de uma lei ou ato normativo federal ou estadual com a Constituição. Similarmente, julga a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), que visa declarar que uma lei ou ato normativo federal é compatível com a Constituição.
- Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF): O STF também julga a ADPF, um instrumento para garantir a observância de um preceito fundamental da Constituição, quando outro instrumento judicial for ineficaz.
- Habeas Corpus e Mandado de Segurança: O STF julga essas ações quando o paciente ou impetrante for uma das autoridades listadas em outras alíneas do artigo, ou quando o ato coator emanar de tribunal superior.
- Conflitos de competência: O STF dirime dúvidas sobre qual órgão do Poder Judiciário é o competente para julgar determinado caso.
-
Julgar, em única instância, causas em que:
- Entrarem em litígio os Estados e a União, ou entre Estados estrangeiros e a União, ou entre Estados estrangeiros e o Brasil.
- Entrarem em litígio, de um lado, a União, suas autarquias ou empresas públicas, e, de outro, Estados, Territórios ou o Distrito Federal.
-
Recursos Extraordinários: O STF julga, em última instância, os Recursos Extraordinários que envolvam matéria constitucional. Isso significa que, quando uma decisão de outro tribunal inferior (como os Tribunais de Justiça estaduais ou os Tribunais Regionais Federais) contrariar um dispositivo da Constituição Federal, a parte prejudicada pode recorrer ao STF. O objetivo é uniformizar a interpretação da Constituição em todo o país.
Importância para a Democracia
O Artigo 102 confere ao STF um papel fundamental na manutenção do Estado Democrático de Direito. Ao ter o poder de interpretar a Constituição e declarar inconstitucionais leis que a violem, o Supremo garante que os direitos e garantias fundamentais de todos os cidadãos sejam respeitados e que o poder público atue dentro dos limites estabelecidos pela Carta Magna. A atuação do STF é, portanto, um pilar essencial para a estabilidade jurídica e democrática do país.