CÓDIGO CIVIL
Lei Nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002.
Artigo 884
Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.


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Resumo Jurídico

Artigo 884 do Código Civil: A Proibição do Enriquecimento Sem Causa

O artigo 884 do Código Civil é um pilar fundamental para a justiça nas relações jurídicas, estabelecendo um princípio que visa impedir que uma pessoa obtenha vantagens indevidas à custa de outra, sem que haja uma justificativa legal ou contratual para tal. Em termos simples, ele proíbe o enriquecimento sem causa.

O Que Significa Enriquecimento Sem Causa?

O enriquecimento sem causa ocorre quando uma pessoa obtém um benefício patrimonial (um aumento em seu patrimônio, seja em bens ou dinheiro) que não possui um fundamento jurídico válido. Ou seja, esse ganho não decorre de um contrato, de um ato ilícito praticado pela outra parte, da lei ou de qualquer outra causa legítima que o justifique.

Imagine, por exemplo, que você pague, por engano, uma duplicata de um serviço que nunca utilizou. Se a empresa que recebeu esse pagamento não tem um motivo legal para ficar com o seu dinheiro, ela está enriquecendo sem causa.

Os Requisitos para Configurar o Enriquecimento Sem Causa

Para que se possa aplicar as consequências previstas no artigo 884, é necessário que estejam presentes três elementos essenciais:

  1. O Enriquecimento: Deve haver um aumento no patrimônio de alguém. Esse aumento pode se manifestar de diversas formas: recebimento de dinheiro, bens, ou até mesmo a liberação de uma dívida.

  2. O Empobrecimento: É necessário que, em contrapartida ao enriquecimento de uma pessoa, outra tenha sofrido um prejuízo ou diminuição em seu patrimônio. O pagamento indevido, por exemplo, causa um empobrecimento para quem pagou.

  3. A Ausência de Justa Causa: Este é o ponto crucial. O enriquecimento e o consequente empobrecimento não podem ter uma razão jurídica que os legitime. Se houver um contrato válido, uma obrigação legal, ou qualquer outro motivo que justifique a transferência de bens ou valores, não se configura o enriquecimento sem causa.

As Consequências do Enriquecimento Sem Causa

Quando o enriquecimento sem causa é comprovado, o artigo 884 determina que o beneficiado deve restituir o que recebeu indevidamente. A restituição deve ser feita na medida do seu enriquecimento, ou seja, ele não é obrigado a devolver mais do que efetivamente ganhou.

Se o enriquecimento ocorreu na forma de um bem que já não está mais com o beneficiado, ou se foi vendido, o valor correspondente a esse bem deve ser devolvido, considerando o valor atualizado.

Em Resumo

O artigo 884 do Código Civil é um instrumento de justiça que garante que ninguém se beneficie às custas de outrem sem um motivo legalmente reconhecido. Ele busca restabelecer o equilíbrio patrimonial quando ele é rompido de forma injusta, assegurando que o enriquecimento de um não seja o empobrecimento sem motivo do outro. É um princípio que reflete a ideia de que as relações jurídicas devem ser pautadas pela equidade e pela boa-fé.