CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de Outubro DE 1941.
Artigo 275
O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária.

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Resumo Jurídico

O Recurso em Sentido Estrito: Uma Ferramenta para Revisão de Decisões Judiciais

O artigo 275 do Código de Processo Penal estabelece a principal forma de impugnação de determinadas decisões interlocutórias proferidas por juízes de primeiro grau: o Recurso em Sentido Estrito (RSE). Em termos simples, o RSE é o meio pelo qual as partes em um processo criminal podem pedir a um tribunal superior que reavalie uma decisão que não pôs fim ao processo, mas que impacta diretamente o andamento e o resultado da causa.

Para que serve o RSE?

A finalidade primordial do RSE é garantir que decisões cruciais, que não sejam sentenças definitivas, sejam revistas. Isso assegura um controle de legalidade e justiça sobre atos judiciais que, embora não resolvam o mérito da causa, podem causar prejuízos significativos às partes.

Quais decisões cabem RSE?

O dispositivo legal enumera um rol taxativo (ou seja, apenas as hipóteses ali previstas) de decisões que admitem a interposição do Recurso em Sentido Estrito. Dentre as mais comuns, destacam-se:

  • Decisões que não recebem a denúncia ou a queixa: Quando o Ministério Público (ou o ofendido, no caso da queixa) apresenta uma acusação formal e o juiz entende que ela não preenche os requisitos legais ou não há indícios suficientes, ele pode não receber a peça. O RSE permite que a acusação recorra dessa decisão.
  • Decisões que decretam a extinção da punibilidade: Se o juiz, em qualquer fase do processo, reconhecer que a punibilidade do agente já se extinguiu (por exemplo, pela prescrição, pela morte do agente, etc.), ele pode proferir uma decisão nesse sentido. O RSE possibilita a revisão dessa decisão.
  • Decisões sobre a pronúncia ou impronúncia do réu: No rito do Tribunal do Júri, a decisão de pronúncia (que leva o réu a julgamento popular) ou de impronúncia (que o afasta do julgamento popular) são passíveis de RSE.
  • Decisões que concedem ou negam a ordem de habeas corpus: Embora o habeas corpus seja um remédio constitucional autônomo, a decisão que o julga pode ser objeto de RSE em determinadas situações.
  • Decisões que concedem ou negam a liberdade provisória: A liberdade do acusado é um tema central no processo penal, e as decisões que a afetam podem ser revistas via RSE.
  • Decisões que revogam a prisão: Da mesma forma, a revogação de uma prisão decretada pode ser objeto de recurso.

Como funciona o Recurso em Sentido Estrito?

O RSE segue um rito específico, com prazos e requisitos a serem observados:

  1. Interposição: A parte interessada (acusação ou defesa) deve apresentar uma petição ao juiz que proferiu a decisão, demonstrando seu inconformismo.
  2. Razões e Contrarrazões: Após a interposição, o recorrente terá um prazo para apresentar as razões do seu recurso, explicando detalhadamente os motivos pelos quais a decisão deve ser reformada. A parte contrária, por sua vez, terá um prazo para apresentar as contrarrazões.
  3. Remessa ao Tribunal: Uma vez cumpridos esses passos, os autos do processo são remetidos ao tribunal competente (geralmente o Tribunal de Justiça ou o Tribunal Regional Federal) para que os desembargadores ou juízes revisem a decisão.

Importância do RSE:

O Recurso em Sentido Estrito é um instrumento fundamental para a garantia do contraditório e da ampla defesa no processo penal. Ele permite que as partes busquem a correção de possíveis erros ou injustiças em decisões que, embora interlocutórias, possuem grande relevância para o desfecho da ação penal. Ao possibilitar a reavaliação por um órgão colegiado, o RSE contribui para a uniformização da jurisprudência e para a segurança jurídica.